Diversão e Arte

Carolina Jabor fala sobre 'Boa Sorte', adolescência e relação com o pai

Cineasta contou como foi a participação do marido Guel Arraes na produção do filme que estreia nesta quinta-feira

Ricardo Daehn
postado em 25/11/2014 07:00
Cineasta contou como foi a participação do marido Guel Arraes na produção do filme que estreia nesta quinta-feira
Uma grande história de amor e despedida, em que não há precisa localização do enredo. Aos poucos, a cineasta Carolina Jabor se dá conta da proximidade com o tema desenvolvido pelo pai, Arnaldo Jabor, diretor de Eu sei que vou te amar (1986). ;Nem tinha me dado conta, até você falar;, confessa. Ao tratar do denso tema de um amor ameaçado pela morte, vivido entre drogas e atos inconsequentes, Carolina revela que cresceu sem ter visto cocaína e só bebeu destilado, aos 26 anos.

Qual a maior influência que recebeu de seu pai, Arnaldo Jabor, na sua estreia em ficção?

A maior influência que tenho do meu pai está na educação que me deu. Desde pequena, ele tentou despertar em mim um olhar. Um olhar sobre a vida, a arte e a beleza. Daí veio meu gosto, do poético ao kitsch. Me apresentou Pina Bausch, Cole Porter, Beethoven, Stanley Kubrick. Ele realmente se emocionou com o filme.

Como sua intimidade com música, depois de dirigir tantos clipes, influenciou na obra? E qual sua marca, num filme com roteiro de Jorge Furtado?

A música é um elemento importantíssimo. Acho a arte maior, a mais linda e abstrata. Se meu filme tiver uma aproximação com o emocional de uma música, para mim, já é super-reconfortante. Percebo que fiz um filme silencioso. Ao mesmo tempo, temos cenas com um eletro bem pesado (Peaches), tem o Jorge Mautner. Violoncelo, piano e sopro trouxeram um clima minimalista. Queria contar aquele roteiro do Jorge de uma forma mais calma, num ritmo menos de quadrinhos. Com menos teor pop e maior dramaticidade. Tanto o Guel Arraes (marido e produtor, além de diretor de cinema) quanto o Jorge disseram que teriam feito diferente. Eles têm um estilo muito veloz. Busquei uma pegada mais densa.

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Há momentos em que o filme traz certa desesperança, não?
O filme tem essa pretensão de revelar a educação sentimental de um rapaz. O personagem dele, de 17 anos, é muito forte no filme. Questionamos o encontro do amor e a liberdade de amor em que existe a ameaça da morte, e onde os envolvidos sabem disso. Abordamos o mundo atual, em que tudo é oferta. Na minha época, o mundo apresentado era menor e mais focado. Eu tinha mais controle das coisas que queria ou não queria. Os meus desejos eram mais identificados. Hoje, tá todo mundo um pouco perdido. Não há um mínimo de ajuda, de carinho, de afeto. Sem quem faça uma espécie de curadoria do mundo ; tudo fica muito solto e perdido.

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