Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Personagem de Boa sorte mudou a percepção de vida de Deborah Secco

Prova de fogo para a atriz, a produção já está em pré-estreia na cidade



Deborah Secco parece ter em Boa sorte, já com sessões de pré-estreia, um presente antecipado do aniversário de 35 anos, a ser festejado amanhã. Desembrulhá-lo, porém, parece difícil, diante da agenda apertada. ;Tô gravando a novela Boogie Oogie, e, terminando, vou para a nova e mais curtinha novela das onze Verdade secreta. Não sei muito dela, apenas que é do Walcyr Carrasco. Estou ainda no teatro, com Marcos Mion, fazendo Mais uma vez amor;, lista.

[SAIBAMAIS]Viver o momento foi aprendizado, em Boa sorte. Sempre atenta a olhares para a composição de personagens, Secco encontrou em vários doentes uma força serena, quase de resignação. A calma e a aceitação imprimiam força. A morte foi algo muito presente na vida da atriz que, na infância, perdeu uma irmã de 5 anos. ;Via a vida como muito mais importante do que a morte. Nunca pensei muito na morte, e a Judite me fez enxergar que é inevitável. Numa visita a crianças com câncer, uma delas me alertou ; quando perguntei sobre como ficar bem naquela situação ; ;pense bem, você pode morrer, antes de mim;.;

Metamorfose
Ter uma vida completamente comum e distanciada do rótulo de estrela é meta diária da atriz. ;Acho que o mais difícil de ser a Deborah Secco é que, quando você faz um personagem da amplitude dramática do atual como a Judite (de Boa sorte), você fica um pouco refém dele, que demora para sair. Você se doa muito, ele tira muito da sua energia, da sua verdade, do seu corpo, da sua alma, e você demora a voltar ao seu normal;, comenta. Não é exagero, já que tudo pode ser comprovado nas telas: Secco tirou 11 quilos do corpo.

;Foi uma alegria sem fim ter chegado a esse objetivo. Tudo parecia tão difícil. Não tenho apego à estética e à beleza. Não tenho nenhum;, ressalta. As mudanças surtidas pelo papel da protagonista Judite refletem no cotidiano da atriz, sempre prudente com relação à vida pessoal. ;Acho chato quando você abre uma intimidade que não serve para nada ; que nada acrescenta. Mas há discussões que não dizem respeito apenas a mim. Quando você fala de finitude, de crescimento, de experiências, surgem questões que podem ser divididas. São coisas que tocam pessoas em situações parecidas;, analisa.

Boa sorte não balançou a porção católica de formação da atriz, mas ampliou os motivos de crenças e a carga de conhecimento. Ela é uma estudiosa de religiões e ama ler sobre budismo. ;Filosofias e culturas me interessam. Se eu pudesse me explicar, religiosamente, além de Deus, diria que acredito muito na lei da ação e da reação. Você tem o que planta: você é o que você faz;, ressalta. Em busca da boa colheita, a atriz foi muito feliz, ao insistir na entrada do ator central, como parceiro de cena. ;Nos testes, a gente nunca consegue medir bem as qualidades dos atores. Mas, já no primeiro abraço que dei no João Pedro Zappa, minha Judite se apaixonou pelo João (nome do personagem de João Zappa). Foi antes de o João falar qualquer palavra: são coisas que a gente não explica. É sensorial, real e deu certo;, explica.



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