Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Irmãos Guimarães lembram parceria com Dulcina de Moraes

Diretores de teatro começaram a carreira sob a égide de uma grande mestre da atuação



A reação de Dulcina marcou Fernando. ;Ela me olhou de uma forma como se eu fosse um marciano. Como quem perguntasse: ;Como não é ator?;;. Pois a atriz acabou convidando o rapaz ;de 20 e poucos anos;, que trabalhava como funcionário de banco, para prestar o vestibular. E ele foi. ;Não sei explicar. Mas a maneira com a qual ela me encarou, o convite; Veio uma sensação de que eu tinha que dar aquele passo.;

Na prova de habilidades específicas, um novo encontro com a professora Dulcina, consagrada como uma das maiores atrizes do país. ;Ela me aprovou. E ali mesmo me deu papel para aquela montagem.; A partir daquele momento, embora ainda não soubesse, Fernando nunca mais largaria o ofício cênico.

Encontro de mestres

Costuma-se dizer que os atores de Brasília são crias dos Irmãos Guimarães ou de Hugo Rodas. Os trabalhos de Adriano e Fernando Guimarães, assim como do diretor uruguaio, pautaram a cidade de tal forma que, há tempos, transgridem as faculdades que eles representam. Enquanto os Guimarães fizeram história à frente da Faculdade Dulcina de Moraes, Hugo Rodas revolucionou o Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília.

Nos palcos, eles respondem por boa parte dos espetáculos que marcaram gerações na cidade, a exemplo de Felizes para sempre (Irmãos Guimarães) ou Adubo ; Ou a sutil arte de escoar pelo ralo (Hugo Rodas). Um trabalho em particular, no entanto, elevou Brasília ao patamar máximo do teatro nacional. Em 1996, Dorotéia levou o prêmio Shell de melhor direção. O primeiro e único Shell da capital federal. E os responsáveis foram, justamente, os Irmãos Guimarães e Hugo Rodas. Mas a parceria veio um pouco antes.

;Esbarramos com Hugo em nossa terceira peça, em 1991, quando ainda éramos estreantes;, recorda Fernando. No ano anterior, os irmãos haviam chamado atenção da cidade por conta do espetáculo Macbeth Mauser. Hugo Rodas, que além de professor da UnB, trabalhava na secretaria de Cultura, quis retomar a montagem. ;Não era possível. O elenco já tinha sido desfeito. Foi, então, que veio a ideia de o próprio Hugo encarar a peça, como ator;.

O papel era de uma feiticeira e, quão logo possível, o uruguaio apareceu com uma proposta para a personagem. ;Não gostamos. Não era nada do que tínhamos em mente. E como dizer isso ao Hugo? Mas ele percebeu e disse que pensaria em outra coisa;, relembra Fernando. No dia seguinte, às 7h30, Hugo ligou para os Guimarães. Tinha uma nova ideia. ;Era exatamente o que queríamos;.

Entre grandes mulheres

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