Diversão e Arte

Literatura epistolar ganha fôlego e alimenta mercado editorial

A curiosidade em torno de conversas trocadas por ccartas fez com que o mercado editorial voltasse os olhos para publicações com essa temática, seja no que diz respeito à ficção ou ao resgate de cartas trocadas entre personalidades do meio artístico

postado em 03/12/2014 10:28

Carta de Clarice Lispector para a irmã, Elisa Lispector

O auge do romance epistolar, cuja história se desenvolve por meio de cartas, ocorreu durante a Idade Média, com o surgimento das ;ars dictaminis;, ou seja, a arte escrita por cartas. Mas é possível dizer que o gênero está bem vivo, mesmo em plena era digital, em que as trocas de mensagens costumam se dar por meio eletrônico. A curiosidade em torno de conversas trocadas por correspondências pessoais fez com que o mercado editorial voltasse os olhos para publicações com essa temática, seja no que diz respeito à ficção ou ao resgate de cartas trocadas entre personalidades do meio artístico.

Um exemplo que surge para coroar a efervescência do gênero é o lançamento do livro Cartas extraordinárias, que, de acordo com o organizador, Shaun Usher, é um autêntico museu de mensagens em forma de livro. A ideia, segundo ele, surgiu com o projeto de um site. ;Trata-se de uma viagem de quatro anos por cartas, memorandos e telegramas de famosos, de infames e de não tão famosos ; um projeto imensamente gratificante que começou como site e agora se materializa, graças à reação positiva ao lançamento on-line: um museu de cartas em forma de livro organizado com todo o carinho.;

Talvez uma das correspondências que desperte mais curiosidade é a última carta que Virginia Woolf escreveu para o marido, pouco antes de acabar com a própria vida. Usher também destaca o extraordinário pedido de emprego redigido por Leonardo da Vinci.

O discurso
O escritor Luiz Ruffato lembra que há um sentido muito claro quando alguém redige uma carta comum ou uma autobiografia. ;Uma pessoa que escreve uma carta, está mais próxima do jornalismo que da literatura, sendo que o tom da carta é mais íntimo e confessional. No caso da autobiografia, em tese, várias pessoas vão ler. O público é maior. Eu acho que tem funções diferentes. Por exemplo, quando alguém escreve uma carta tem uma função que não é literatura, porque literatura é transcendência.;

Opinião:

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Sugestões de leitura


Cartas extraordinárias
Vários autores. Organização: Shaun Usher, Companhia das Letras, 398 páginas. R$ 99,90

Flores artificiais
De Luiz Riffato. Companhia das Letras, 152 páginas. R$ 34


Minhas queridas
De Clarice Lispector. Rocco, 328 páginas. R$ 39

A caixa preta
De Amós Oz. Tradução: Nancy Rozenchan. Companhia de Bolso, 272 páginas. R$ 50,50

Fernando Pessoa & Ofélia Queiroz: Correspondência amorosa completa /1919-1935
Organizado por Richard Zenith. Capivara, 544 páginas. R$ 140.


Ligações perigosas
De Choderlos de Laclos. Tradução: Fernando Cacciatore de Garcia. LP, 416 páginas. R$ 23,90

Cartas Persas
De Charles Louis de Montesquieu. Tradução: Rosemary Costhek Abilio. Martins Fontes, 392 páginas. R$ 49,80

Memórias de duas jovens esposas ; In: A comédia humana Volume 1
De Honoré de Balzac. Tradução: Vidal de Oliveira. Globo Livros, 874 páginas. R$ 74,90

Assista ao vídeo de Luiz Ruffato sobre De mim já nem se lembra:

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