postado em 04/12/2014 08:03
As cidades são constituídas por histórias, algumas boas e outras nem tanto. Brasília é jovem, mas já possui casos que a marcarão para sempre, e que se tornaram nacionalmente conhecidas, como o massacre da Guarda Especial de Brasília (GEB) ; chacina de operários ocorrido na Vila Planalto em 1959 ; e os assassinatos da menina Ana Lídia, do estudante Marco Antônio Velasco e do índio pataxó Galdino. Com o objetivo de fazer a cidade lembrar desses casos, para que não ocorram outros, o Coletivo Transverso, em parceria com o poeta Nicolas Behr, usarão a arte em intervenções pela cidade, na sexta-feira.
[SAIBAMAIS]Agulhas de acupuntura gigantes, de 3 metros, serão aplicadas em quatro locais, chamados Pontos de Cura, onde ocorreram os crimes históricos. ;A ideia é colocar uma lente de aumento para esses casos, nesses lugares de barbárie. É uma forma de tentar reconstruir aquele espaço com arte;, explica uma das integrantes do Coletivo Transverso, a artista plástica Patrícia Del Rey.
O poeta Nicolas Behr, experiente em levar arte para as ruas de Brasília ; e fazer dessas ruas tema para poesia ; é o mentor do projeto. ;É um trabalho atemporal e anônimo. Embora seja produzido pelo Coletivo Transverso, não haverá identificação. O objetivo é curar esses espaços. Não é para cicatrizar, porque é bom que as feridas fiquem abertas para as pessoas lembrem e não permitam que essas coisas aconteçam novamente. São tragédias símbolos, que marcaram a cidade. São tragédias tabus em processo de cura eterno. São mazelas que a cidade carrega. Representamos o inconsciente coletivo da cidade que pede desculpas pelo que aconteceu. Somos parte da cidade e acho que muita gente vai comungar com isso;, reflete o poeta. Patrícia adianta que, nos locais, serão colocadas placas de metal para explicar o que aconteceu. A proposta, segundo ela, é que tais espaços se transformem em pontos de encontro e de expressão de arte, com saraus poéticos, apresentações teatrais, de dança e música.
Nicolas lembra que a ;acupuntura poética;, como costumam ser outras intervenções artísticas do Coletivo Transverso, representa uma experiência de estética e fluidez, por ser uma arte em movimento que se movimenta com o dia a dia da cidade. Além disso, para ele, é um trabalho de consciência e cidadania.
O grupo
O Coletivo Transverso foi formado em janeiro de 2011, em Brasília, por artistas de áreas diversas, com o propósito de pesquisar, desenvolver e realizar intervenções urbanas utilizando técnicas de estêncil, grafite, sticker e performance. No mesmo ano, o grupo obteve o primeiro apoio a sua produção, com a seleção para o I Encontro Transarte ; A arte como reflexão das problemáticas dos corpos, da Universidade de Brasília.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .