postado em 08/12/2014 06:00
Uma frequência poucas vezes vista no mesmo ano. O ator argentino Ricardo Darín marcou presença nas telas de cinema no Brasil em quatro produções em 2014: Elefante branco (de Pablo Trapero), O que os homens falam (Cesc Gay), Relatos selvagens (Simón Fisher) e Sétimo (Patxi Amezcua). Darín fascina a plateia brasileira ao unir uma estilo de interpretação simples ; herdado dos longos anos em que passou na televisão ; mais um bocado de carisma e um par de olhos azuis inconfundíveis (mais ou menos como os de Chico Buarque, diriam alguns).O ator de 57 anos nasceu numa família de artistas, filho do ator Ricardo Darín e da atriz Renée Roxana. Na infância, frequentou os palcos dos teatros e da televisão, fazendo aparições com os pais. Na década de 1980, passou a ser um galã da televisão com outros intérpretes da mesma idade. Os rapazes ficaram conhecidos como ;Los galancitos; e Darín sempre deixou claro o incômodo causado pela alcunha.
Em entrevista em 1984, o ator refletiu. ;O galancitos podem mostrar que são bons atores?;, perguntou o repórter. Antes de responder, o ator avisou que o assunto mereceria uma longa conversa mas que abreviaria o papo: ;Esse é um costume bem argentino, o pré-julgamento. Quando digo a Argentina me incluo no bolo. Temos a tendência de pré-julgar, agimos como juízes dos costumes alheios;, detalhou. ;Galancitos foi uma rotulação que nos deram. Foi engraçado naquele momento e depois se transformou em coisa pejorativa. Não tem nenhuma importância. É seguir adiante. O tempo trata de mostrar quem estava equivocado ou não;, reduziu Darín.
Ascensão do cinema argentino
O tempo foi generoso com Darín. Quando deixou a longa carreira televisiva e passou a se dedicar a projetos cinematográficos, ele passou a ser o rosto a representar a ascensão do novo cinema argentino no fim da década de 1990 e princípio dos anos 2000. O papel do golpista Marcos em Nove rainhas iniciava um novo ciclo na carreira e, consequentemente, um período de estabilidade profissional e popularidade revertida em bilheterias. A expressão do rosto realçada pelo longo nariz é sinônimo de produções lucrativas. Não é por acaso que a figura inconfundível do intérprete está espalhada em cartazes e materiais de divulgação de seus filmes.
Em entrevistas, costuma espantar a ideia de grande astro para deixar a impressão de um cidadão comum. Casado com a psiquiatra Florencia Bas, é pai de Clara Darín e do também ator Chino Darín. A educação com que trata todos que o cumprimentam renderu fama de um cara ;boa onda; na capital portenha. No entanto, a maré de satisfação não o livrou de um rebuliço criado em torno de seu nome quando o ator recusou o papel de um traficante mexicano em uma produção em Hollywood. No momento inicial, a notícia dava conta de que ele teria virado as costas para Quentin Tarantino. Na verdade, ele recusou um papel oferecido pela equipe de Tony Scott).
A justificativa pública foi oferecida em um programa de televisão. ;No país que tem o maior consumo de drogas do planeta, os filmes mostram apenas latino-americanos como traficantes. Porquê?;, indagou. ;Você faz ideia de quanto dinheiro poderia ter ganhado?;, perguntou o interlocutor. ;Sim. E? Eu levo uma boa vida, não preciso de mais do que dois banhos quentes por dia;, respondeu o astro a um entrevistador emudecido. Em outra entrevista sinceríssima, Darín classificou o rei do futebol: ;Pelé é um imbecil;, disse sobre o hábito do futebolista em se esquivar dos assuntos mais espinhosos do esporte e aliar-se aos poderosos.
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