Diversão e Arte

Musicais evitam as polêmicas para deixar as biografias mais palatáveis

No caso do espetáculo Rita Lee mora ao lado, por exemplo, a intensa relação da cantora com as drogas foi praticamente deixada de lado

Adriana Izel
postado em 11/12/2014 08:00
No caso do espetáculo Rita Lee mora ao lado, por exemplo, a intensa relação da cantora com as drogas foi praticamente deixada de lado

No último fim de semana, 4 mil pessoas foram ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães para conferir o espetáculo musical Rita Lee mora ao lado. Após cerca de duas horas de peça sobre a diva do rock nacional, alguns dos espectadores saíram do local sentindo falta de aspectos que consideravam relevantes sobre a vida da artista. As drogas, por exemplo, que Rita nunca fez questão de esconder, praticamente ficaram fora de cena.

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A explosão das biografias musicais no Brasil nos últimos anos já levou ao palco a saga de nomes como Tim Maia, Cazuza, Elis Regina e Cássia Eller. Todos esses artistas são conhecidos por, além do enorme talento, terem sido protagonistas de algumas polêmicas ao longo de suas trajetórias. Nas peças, contudo, tem-se a impressão, muitas vezes, de que alguns fatos negativos tenham sido preteridos em detrimento de uma construção mais sublime do retratado. Uma opção.



Afinal, os musicais brasileiros têm tido uma postura ;chapa-branca; em relação aos artistas? Roteirista das biografias teatrais sobre Tim Maia e Elis Regina, o jornalista e produtor Nelson Motta defende que o musical não é um documentário. Logo, para ele, não se pode exigir dessa linguagem o mesmo grau de realismo que se aplica a outros tipos de produção. ;A história é contada através de músicas e danças. Isso é muito louco. Não dá para fazer nada realista nessa mídia;, acredita.

No caso do espetáculo Rita Lee mora ao lado, por exemplo, a intensa relação da cantora com as drogas foi praticamente deixada de lado. Baseado em livro homônimo de Henrique Bartsch, o musical condensou em duas horas os 50 anos de carreira da roqueira, e a opção do diretor Márcio Macena foi privilegiar os fatos menos conhecidos da trajetória da artista.

;Queríamos respeitar a intimidade da Rita. O que combinei com ela e Roberto de Carvalho, o marido, é que só colocaria o que está no livro. Chegamos a esse consenso. Só que a obra aborda bastante a história das drogas, mas todo mundo já sabe sobre isso;, diz ele. ;Mesmo assim, em um momento do espetáculo, ela tem uma overdose. Não foi um pedido da Rita (deixar de apresentar alguma coisa), foi uma escolha minha. Achei que havia aspectos muito mais interessantes para mostrar;, explica Macena.

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