Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

FAC e Teatro Nacional são prioridades de novo secretário de Cultura

Guilherme Reis é um veterano da cena cultural brasiliense



Quando saiu o anúncio oficial do nome de Guilherme Reis como novo secretário de Cultura do Distrito Federal, o ator Enrique Diaz disse que se mudaria para Brasília. O mesmo sentimento de regozijo reverberou por entre a classe artística brasiliense. Diretor, ator e produtor, Guilherme figura entre os mais admirados nomes da cultura do DF. Não somente por conta dos diversos espetáculos do currículo, mas, principalmente, em virtude do Cena Contemporânea, o maior festival de teatro do Centro-Oeste, que ele idealizou e comanda há 20 anos.

[SAIBAMAIS]Apesar do clima festivo, Guilherme está ciente da porrada por vir. A secretaria de Cultura começa 2015 em deficit, os principais espaços culturais estão fechados, artistas com pagamentos atrasados. ;Não será fácil. Espero que todos tenham paciência;, comentou nesta entrevista exclusiva. A conversa revela as principais ideias que devem guiar o secretário pelos próximos quatro anos. O desafio já foi aceito: ;O ator e diretor sai de cena. Entra o gestor.;

A confirmação do seu nome como secretário foi amplamentefestejada pela classe artística. Não tem medo desse excesso de expectativa?
Claro que sim. A gente quer ser amado (risos). Mas, ao mesmo tempo, acho que estão compreendendo que precisaremos de tempo para o saneamento que se faz necessário. Agora, gostaria de ressalvar que todos os outros nomes que foram cogitados para o cargo, como TT Catalão, Nanan Catalão, estariam igualmente preparados. Com qualquer um deles, a Cultura estaria muito bem servida.

Enquanto artista, você já criticou o FAC algumas vezes;
Sim. Há coisas que me incomodam, como artista e produtor cultural. Temos que tentar desburocratizar o FAC, preservar ou aumentar a verba. Essa é uma meta do governo Rollemberg, inclusive: a desburocratização. Mas ainda não sei, neste momento, como viabilizar essas medidas na prática. Precisamos de um tempo para que as coisas se adequem. O único compromisso que posso assumir é que irei me dedicar ao máximo, estudar modelos de gestão, cercar-me das melhores pessoas.

Em entrevista ao Correio, o futuro governador falou da necessidade de buscar outras ferramentas de fomento, além do FAC. Acha possível?
Claro que sim. O FAC é apenas um instrumento. Valioso, que precisa ser melhorado e preservado. Mas a política cultural pública necessita ir além. O governo federal possui projetos em várias áreas, queremos ampliar a relação com a Ancine, com o patrocínio privado; Vamos pensar em formas de diversificar as fontes sim.

E o Teatro Nacional?
Uma prioridade absoluta. Deixar aquele teatro fechado é um crime. Não podemos falar em dinheiro, recurso.. mas quero tratar disso desde o primeiro dia. O problema estrutural do teatro é grave. Pode ser que eu não consiga fazer metade, mas o meu sonho ; e não é de agora ; é quebrar a relação atual que se mantém com o teatro de abrir um edital, receber os projetos, pagar uma taxa que vai para o caixa único do governo, sai, entra outro; parece motel. Quero reformar o teatro em dois anos e meio, abri-lo com um modelo de gestão ágil e moderno. Em quatro anos, ter a casa lotada. Com a Sala Martins Pena voltada para o teatro da cidade, a Villa-Lobos recebendo grandes espetáculos nacionais e internacionais, em um padrão cultural elevado. É pedir muito, mas vou trabalhar para isso.

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