[FOTO357086]
O surgimento de artistas de música autoral é crescente em Brasília. Jovens esboçam as primeiras notas de canto, dedilham acordes iniciais e começam a marcar ritmo na bateria. Os sonhos de um dia tocar para um estádio lotado e de obter reconhecimento da plateia e dos críticos permeiam o pensamento deles. Do jazz ao rock, é hora de abrir os olhos e os ouvidos para os novos sons que têm surgido na capital.
;Brasília é um celeiro de ótimos talentos, mas parece que até na música vivemos uma espécie de funcionalismo público;, afirma Bruno Gafanhoto, baterista graduado na Universidade de Brasília e mestre pela Universidade de Louisville, Estados Unidos. O músico de 25 anos defende a necessidade de um incentivo maior à cena independente na cidade, com apoio de casas de show e do público aos artistas que têm trabalho autoral.
Pensamento semelhante tem Bruno Alpino Lessa, 23, vocalista e guitarrista da Banda Cislene. ;Desde o surgimento da grupo tínhamos a consciência de que ser um grupo com composições próprias seria algo complicado em Brasília, pois os espaços nos últimos tempos têm dado prioridade aos covers.; De acordo com Lessa, é preciso que bandas e artistas com trabalho autoral se unam cada vez mais, a fim de movimentar a cena musical da cidade e consolidar um ambiente maduro e estruturado para o surgimento de novos trabalhos.
Para João Pedro Mansur, 21 anos, vocalista e guitarrista dos conjuntos CineMondatta e Marrakitá, a demanda por bandas cover ainda é maior do que por trabalhos próprios. ;Acredito ser possível permanecer em Brasília com o próprio trabalho, mas ainda acho que as pessoas preferem reconhecer do que conhecer.; Segundo Henrique Rodrigues, 21, mais conhecido como Biu, vocalista, guitarrista e toca xilofone no grupo MDNGHT MDNGHT, estilos como funk e sertanejo têm espaço privilegiado e público maior, entretanto, defende: ;Sem julgar o que é melhor ou pior, no entanto, aqui sempre foi e será a capital do rock;.
Múcio Botelho, da banda Lupa, não pensa que exista apenas demanda para trabalhos cover na cidade e afirma que, a partir do momento que decidiram unir mais pessoas e que foi criado o Coletivo Lupa, o grupo ganhou autonomia em termos de estrutura e divulgação. ;Conseguimos juntar uma galera que cuidasse desde as artes de divulgação até a engenharia de som, isso permitiu que produzíssemos nossos próprios shows.; O vocalista explica também que é possível obter reconhecimento na cidade e que muitas pessoas acabam criando preconceito com grupos autorais de forma precipitada, baseada em más experiências. ;Não é preciso ter medo do novo, existe muito gente talentosa aqui na cidade;, afirma.