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Hilda Furacão morre aos 83 anos em asilo em Buenos Aires

Conhecida por inspirar romance de Roberto Drummond, ela se casou com o jogador Paulo Valentim, do Boca Juniors

Bossuet Alvim, Estado de Minas
postado em 29/12/2014 13:35
Hilda morava em Buenos Aires desde os anos 1960
[SAIBAMAIS]Personagem mítica da noite de Belo Horizonte, Hilda Furacão morreu de causas desconhecidas nesta segunda-feira (29/12) em Buenos Aires, onde morava desde os anos 1960. Encontrada pelo Estado de Minas no último mês de julho, a mulher que inspirou romance de Roberto Drummond vivia em um asilo na capital argentina, com recursos da prefeitura local.

Nascida no Recife, Hilda Maia Valentim foi famosa na BH da década de 1950, época em que vivia da prostituição. Anos mais tarde casou-se com o jogador Paulo Valentim e mudou-se para o país vizinho quando o marido foi contratado pelo Boca Juniors. Na Argentina, a esposa do craque ganhou status de celebridade, apontada como primeira-dama da torcida. "O Boca, do José Armando, comprou o passe dele e nos mudamos. Viemos para um lugar que nos acolheu, como se fôssemos daqui", relembrou Hilda em entrevista ao repórter Ivan Drummond.

Inspiração para romance

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A personagem Hilda Furacão inspirou o escritor mineiro Roberto Drummond a escrever um romance sobre a zona boêmia de Belo Horizonte nos anos 1950. Drummond era cronista de O Estado de Minas e inaugurou uma vertente pop na literatura brasileira moderna, explorando histórias do cotidiano, signos da cultura de massa e a dimensão do fantástico. Não fazia a glorificação do pop como ocorreu com os artistas norte-americanos. Em Sangue de Coca-Cola, por exemplo, ele desfecha uma crítica contundente ao desvario autoritário do regime militar de 1964, fazendo menção a um ;general Francisco Franco que se instalou dentro do coração de cada brasileiro;.

Nos anos 1980 e 1990, Drummond se destacou pela audácia de imaginação e pelo gosto de intervenções polêmicas e promoveu inovações na literatura brasileira do período, muito limitada por abordagens realistas ou documentais de denúncia aos descalabros do regime militar. Mas, acima de tudo, ele gostava de contar uma boa história, que pudesse ser lida por qualquer leitor que, por acaso, caísse de pára-quedas no texto. E esse é o caso de Hilda Furacão, história marcada fortemente pelo conservadorismo dos costumes e pelo moralismo religioso de origem católica.

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