Se alguém tem dúvida que a arte urbana pode se reinventar ; sair da amplitude das ruas para o espaço reduzido de um museu ; ainda há tempo de saná-la. Esta é a última semana para conferir a mostra Street Art ; um panorama urbano, em cartaz até domingo, na galeria principal da Caixa Cultural. O objetivo da exposição, segundo a curadora Leonor Viegas, é de transpor o espaço público para outro contexto, onde os artistas puderam mostrar que a arte é capaz de se adaptar.
Até o fechamento desta edição, 14.500 pessoas visitaram a mostra coletiva que reúne o trabalho de 10 artistas de diferentes nacionalidades, estilos e temáticas. São obras de nomes representativos do gênero da Inglaterra, Itália, França, Estados Unidos e Portugal, que pretendem traçar o perfil do segmento pelo mundo. O inglês Banksy, os franceses Jef Aerosol e Rero, os portugueses Vhils e ;MaisMenos;, os brasileiros Nunca e Herbert Baglione, os italianos StenLex e Pixel Pancho e os americanos HowNosm utilizam as mais variadas técnicas ; pintura, estêncil, colagem, mosaico, instalações, resina, carimbo, montagem e até esculturas.
Os artistas criaram peças especialmente para a exposição. Pixel Pancho, por exemplo, realiza uma obra in loco. A mostra também traz uma peça exclusiva de Banksy. A obra Everyday a Fresh Load of Compromise ; 2006, peça única, foi cedida por um colecionador. O artista inglês, cuja verdadeira identidade é desconhecida, é famoso pelas ações políticas explícistas, que chamam a atenção do mundo, como pintar painéis irônicos no lado palestino do muro que separa a Cisjordânia de Israel. Além dela, mais um trabalho do artista estará na exposição.
A mostra, com os maiores representantes da arte urbana na atualidade, pretende apresentar um recorte do movimento que acontece com força nos dias de hoje. Para a curadora, um dos objetivos é ;levantar a discussão do que é street art hoje e como o mercado do segmento está aquecido. As obras de arte desses artistas mantêm seu fervor político, social e, ao mesmo tempo, são pop. Dialogam muito bem com o público, são extremamente divulgadas nas redes sociais. É uma arte que vem da rua e que transita na rede, é arte para ser vista e popularizada.;
Intervenção urbana
Brasília, cidade tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, tem espaço limitado para a produção de arte de rua. ;Brasília é uma cidade muito nova e muito singular. Aqui, tudo foi pensado com um propósito;, lembra a curadora que confessou o interesse dos artistas em realizarem uma intervenção pela cidade, respeitando as limitações do tombamento. O projeto, no entanto, não passou de vontade. De acordo com ela, as chuvas do último mês ; quando os aristas estavam na cidade ; não permitiram que o trabalho fosse ralizado.
Se no Brasil ainda há quem apague grafites, mundo afora há quem pague para ter as intervenções urbanas brasileiras. Nos últimos anos muitos artistas brasileiros têm deixado sua marca pelo mundo. De acordo com Leonor, os museus e galerias, atualmente, buscam alguns desses artistas a pedido do público. É o caso de Nunca, que, em 2005, junto com outros artistas, pintou uma das fachadas de um dos mais importantes museus do mundo, a Tate Modern, em Londres, e um castelo na Escócia. Em 2013, 11 artistas de rua brasileiros foram convidados para colorir os muros de Frankfurt, na Alemanha. Entre eles estavam Nunca e Herbert Baglione
Meio digital
A curadora lembra, ainda, que a arte urbana dialoga com ferramentas digitais, o que permite que qualquer pessoa que esteja na rua veja ou até mesmo interaja com uma obra. Por meio das redes sociais e gadgets mobile (dispositivos eletrônicos portáteis) as obras ganham novo significado e rompem as fronteiras de localização. ;Se alguns anos atrás era preciso estar nos grandes centros urbanos para que todos vissem o trabalho, a internet mudou bastante a realidade bastando para isso ter uma câmera digital e uma ligação à rede. Desta forma tornou se muito fácil chegar às massas e, somos nós, enquanto público, que definimos aquilo que será mais ou menos interessante, conforme a atenção dada no ambiente cibernético;, analisa Leonor Viegas.
Exposição Street Art - um Panorama Urbano
Abertura: 25 de novembro de 2014, às 19h. Visitação: De 26 de novembro de 2014 a 11 de janeiro de 2015. De terça a Domingo das 9h às 21h. Caixa Cultural Brasília / Galeria Principal ; Setor Bancário Sul Quadra 4 - Lotes. Classificação indicativa livre. Entrada gratuita