Ricardo Daehn
postado em 17/01/2015 08:01
Com o anúncio dos indicados ao Oscar 2015, feito na última quinta-feira, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood manda um recado claro: o desejo é renovar os quadros e enfatizar produções ousadas em estilo, narrativa ou método de produção. Boyhood: da infância à juventude, o favorito ao prêmio de melhor filme, teve um orçamento minúsculo de apenas US$ 4 milhões e levou 12 anos para ficar pronto. Filmes igualmente feitos com pouco dinheiro e muita imaginação são os principais concorrentes da película: Birdman (ou a inesperada virtude da ignorância), de Alejandro González Iñarritu, e O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson.
[SAIBAMAIS]Escapam da nova tendência O jogo da imitação e A teoria de tudo, remanescentes de um período em que a premiação da indústria valorizava o melodrama e personagens que venceram na vida, apesar das adversidades. O jogo da imitação é uma cinebiografia do matemático homossexual Alan Turing. Já A teoria de tudo narra a biografia do físico Stephen Hawking.
Outra biografia adaptada para o cinema, a trajetória do ativista negro Martin Luther King narrada em Selma, foi incluída na premiação sem muitas expectativas. O que se comenta nos bastidores é que Hollywood não pretende investir em um filme de temática negra, mais especificamente sobre os movimentos pelos direitos civis dos anos 1960.
Financiamento suado
A trajetória de Whiplash ; Em busca da perfeição, indicado em cinco categorias, é ainda mais impressionante. Seu diretor, Damien Chazelle, penou para conseguir o financiamento da película de US$ 3,3 milhões. Atuando também como produtor, Chazelle teve de concluir um curta-metragem sobre o tema e emplacar um prêmio no Festival de Sundance para patrocinar a produção do longa. Dentro do cenário dominado por novatos, Sniper americano, de Clint Eastwood, era dado como carta fora do baralho até ser incluído na lista de concorrentes a melhor filme.
De par em par, Hollywood escolheu os cineastas dos títulos indicados a melhor filme para concorrer ao prêmio de melhor diretor. Liklater, Iñarritu e Anderson estão no páreo. Na mesma categoria, figura pela primeira vez nome de Bennett Miller, um cineasta que já demonstrou habilidade para dirigir dramas esportivos com O homem que mudou o jogo (2011). Este ano, ele defende a indicação de Foxcatcher: uma história que chocou o mundo, sobre o time de lutadores das Olimpíadas de Seul em 1998.
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