Diversão e Arte

Com 45 anos de carreira, Chitãozinho & Xororó valorizam o sertanejo de raiz

O novo álbum da dupla contém regravações de músicas de Tom Jobim

postado em 09/02/2015 08:05

O novo álbum da dupla contém regravações de músicas de Tom JobimSão Paulo ; Se hoje o sertanejo é um dos gêneros mais consumidos no Brasil, é porque, há 45 anos, a dupla Chitãozinho & Xororó surgiu no mundo da música com o disco Galopeira. O sucesso mesmo veio alguns anos depois, com Fio de cabelo, do álbum Somos apaixonados (1982). Desde então, os irmãos Lima, do cabelo mullet e de Evidências, abriram portas para o ritmo caipira se tornar cada vez mais popular.

[SAIBAMAIS]Na última semana, os cantores lançaram o álbum Tom do sertão, que traz regravações de músicas do repertório do maestro e compositor Tom Jobim. Para chegar às 14 faixas gravadas no CD, a dupla contou com a ajuda dos produtores Edgar Poças, Ney Marques e Cláudio Paladini. O quinteto escolheu as canções mais românticas e rurais de Tom, inclusive, as menos conhecidas. ;Desta vez, fizemos o novo buscando o antigo. Trazendo a obra do Tom para o sertanejo;, explica Xororó.

Durante um bate-papo descontraído com o Correio no estúdio em que gravaram o mais novo CD, em São Paulo, Chitãozinho & Xororó falaram sobre o mercado sertanejo, a estreia na Broadway e o desafio de revisitar Tom Jobim, antes cantado por artistas da MPB e da bossa nova.


Quando vocês começaram a carreira, usavam o cabelo mullet, que era um marco dos roqueiros, e também foram os primeiros sertanejos a inserir as violas elétricas. Voês tiveram uma referência do rock no início da música caipira?

Xororó: Sempre tivemos. Dos Beatles, principalmente. A música para a gente nunca teve uma coisa de curtirmos um estilo só. A gente ouvia de Neil Diamond a Tonico & Tinoco; de Roberto Carlos a Tião Carreiro & Pardinho. Depois, a gente teve uma influência do country norte-americano. Quando viajamos para fora, veio aquela representação (do mullet) e, na época, a nossa música era conhecida nas nossas vozes, porém, a imagem ainda não. Aquele visual se tornou sucesso no Brasil todo, uma mania nacional. Tudo isso foi importante para chegarmos aonde chegamos.

Com 45 anos de carreira, vocês viveram o auge da indústria fonográfica. O que fizeram para tentar passar por esse período considerado turbulento?

Xororó: Acho que com novos projetos. Na comemoração dos 40 anos, por exemplo, fizemos três discos especiais, entre eles, o sinfônico, que vendeu muito bem e o público gostou. Estamos muito otimistas com o projeto Tom do sertão. Achamos que vai dar um resultado satisfatório em vendas. Mas a gente faz música porque gosta, não porque vende. A intenção é mostrar para o nosso público e fazê-lo sentir o que a gente sentiu.

No ano passado, o sertanejo ficou novamente entre as músicas mais tocadas e teve os CDs mais vendidos. Como vocês avaliam esse novo boom no mercado?

Chitãozinho: A gente enxerga com muita alegria e, ainda maior, de estarmos participando de tudo isso. Nós estamos integrados com essa nova geração. Eles nos respeitam muito e viramos referência dessa nova galera. Para nós, é muito prazeroso poder estar na estrada, conviver com eles e saber que a música sertaneja é muito bem representada, por isso está entre as tops do país.

Crítica - Tom do sertão

Se você torceu o nariz quando ouviu que a dupla Chitãozinho & Xororó iria gravar um disco apenas com faixas de Tom Jobim é bom distorcer. Os sertanejos ficaram durante um ano imersos no repertório do maestro antes de decidir as 14 faixas que fariam parte do álbum Tom do sertão. Tanta pesquisa rendeu ótimas escolhas para compor o CD. O álbum traz clássicos como Águas de março e Chega de saudade, além de faixas consideradas "lado b" como Chovendo na roseira e Estrada branca. Sem descaracterizar as composições de Tom, Chitãozinho & Xororó deram as faixas uma roupagem sertaneja, que, algumas até, parecem ter sido escritas exatamente para eles. É o caso de Correnteza, que só pode ter nascido para ser cantada por artistas caipiras. Com respeito e muito cuidado, os irmãos Lima fizeram um disco para revisitar Tom, marcar história e resgatar as origens da música sertaneja.

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