Diversão e Arte

Iraniano dissidente ganha o Urso de Ouro, em Berlim

Proibido de sair do Irã por 20 anos, Jafar Panahi sagra-se campeão do festival com Táxi

Rui Martins - Especial para o Correio
postado em 14/02/2015 18:08

Charlotte Rampling: melhor atriz por sua atuação em 45 anos

Mais uma vez o cineasta iraniano Jafar Panahi marcou presença no Festival Internacional de Cinema de Berlim, mesmo estando proibido de filmar por 20 anos e de sair do Irã. Seu filme Taxi, ganhou o Urso de Ouro.

Em 2011, logo após sua condenação, Jafar conseguiu fazer "sair" do país seu filme (por meio de um pendrive). Isto não é um filme, feito com Moitaba Mirtahmasb, chegou ao Festival de Cannes, fora de competição, além de ter participado de outros festivais. Em 2013, em parceria com Kambuzia Partovi, Jafar Panahi tinha feito Pardé ou A Cortina Fecha, que recebeu, em Berlim, o Urso de Prata de melhor roteiro.

Em Táxi, Jafar Panahi é um taxista num carro com câmeras capazes de filmar os passageiros, maneira indireta de tratar de questões relacionadas com a vida no Irã. O filme não tem a relação dos atores nem da equipe técnica, portanto anônimos, para evitar problemas para essas pessoas. A fita se enriquece com a participação de sua sobrinha, que chega a roubar as cenas de Jafar ao volante. Como Jafar não pode sair do Irã, foi sua esposa quem veio. O Urso de Ouro foi assim entregue à sobrinha, Hanna Saadi, que chorou de emoção ao receber o Urso.

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O Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri foi para o filme El Club, de Pablo Larraín, contando onde a Igreja Católica esconde seus padres indesejáveis, uma espécie de santuário dos padres pedófilos. O Urso de Prata Prêmio Alfred Bauer foi para o filme guatemalteco Ixcanul, dirigido por Jayro Bustamante, sobre uma jovem de ascendência maia numa comunidade vivendo da plantação de café, ao pé de um vulcão.

O Urso de Prata de Melhor Direção foi para dois diretores: Radu Jude, do filme romeno Aferim, contando o trajeto de dois soldados em busca de um escravo foragido, e para a diretora polonesa Malgorzata Szumowska, que trata de uma história de comissário de polícia que tem problemas com a filha anoréxica, depois da morte da esposa. A menina é tratada por uma psicóloga ligada em espiritismo.

O Urso de Prata do Melhor Roteiro foi para o cineasta chileno Patricio Guzmán, com seu documentário sobre a costa chilena, onde entre outras coisas, foram lançados os corpos torturados de opositores à ditadura de Pinochet. O Urso de Prata pela Contribuição Artistica foi para dois filmes, o russo Sob nuvens elétricas, de Evgenly Mikhalchuk, e para o filme alemão Vitória, de Sturla Brandth Grevlen.

[SAIBAMAIS]A atriz inglesa Charlotte Rampling e o ator inglês Tom Courtenay, ambos no filme 45 Anos, ganharam os Ursos de melhores intérpretes. A relação de um casal perturbado, às vésperas da comemoração de 45 anos de casamento, com a notícia da descoberta do corpo de ex-namorada do homem. O corpo ficou congelado por quase 50 anos, depois de um avalanche.

O cinema latino-americano ganhou três prêmios. O filme brasileiro Que horas ela volta?, de Anna Muylaert, ganhou o prêmio de público, na mostra Panorama, além de ser reconhecido pela Confederação de Cinemas de Arte e Ensaio com outro troféu.

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