O sucesso de Cinquenta tons de cinza abriu as portas para uma enxurrada de literatura de consumo rápido e profundidade zero, mas há muito mais que isso no universo do gênero e a cena brasileira abriga alguns bons exemplares. O santista Alexandre Marques Rodrigues ganhou o Prêmio Sesc de Literatura de 2014 na categoria com Parafilias, um livro de contos eróticos com personagens comuns cujo cotidiano é pontuado pelo sexo.
A intenção, ele avisa, não era escrever contos eróticos e sim compor um livro que tivesse uma unidade narrativa graças a personagens e situações que se repetissem em uma ideia capaz de unir todas as histórias. A tal ideia seria o sexo, mas nunca descrito de forma romântica ou amorosa. Marques prefere uma postura mais perversa.
;Não acredito que esses contos sejam, estritamente, eróticos ou excitantes. A ideia era ir além disso. Eu procurava, enquanto compunha o livro, mostrar o sexo do seu avesso;, avisa. ;Os contos tratam de algo que está além ou fora do amor, falam de perversões no sentido de que não é o erotismo puro que está ali presente, mas um erotismo cheio de tensões, complexo e, por isso, bastante vivo.;
Marques não leu Cinquenta tons de cinza e não arrisca uma análise do fato de o livro ter se tornado um fenômeno, mas tem um palpite: ;O erotismo é algo que está sempre presente nas pessoas, às vezes de forma velada, às vezes de forma mais evidente;. Em um de seus contos, a personagem confessa ao amante que fica excitada quando pensa no filósofo Nietzsche, mas não consegue explicar o porquê. Lá pelas tantas, ela admite: ;O que me excita é imaginar.; De fato, aponta o autor, a literatura depende da imaginação, mas no caso da literatura erótica isso é mais urgente. ;Em um livro, cabe ao leitor a tarefa de complementar as informações que o autor lhe passa, ou de juntá-las, formando o universo narrativo descrito. Na literatura erótica, o papel da imaginação, acredito, é ainda mais relevante;, repara.
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