A ousadia para apresentar arte é uma marca do artista plástico Wagner Barja. A poética visual, que guiou 30 anos de produção do artista no campo da arte contemporânea, está presente na mostra Experiência do Tumulto III, que entra em cartaz hoje no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). Com curadoria de Marisa Flórido César, as ;obras-nome;, repletas de significados, destacam as experimentações de Barja nas diversas linguagens plásticas com as quais trabalhou ao longo da carreira.
A exposição, cujas primeiras edições aconteceram em 1985 e em 2000, ocupará dois amplos espaços com obras reconstituídas do extenso universo do artista, que sempre procurou desconstruir com humor e ironia o linear e o estabelecido. São 30 obras que vão desde instalações em vídeo-esculturas, confeccionadas em alumínio e bronze fundido; e instalações multimídia, objetos, fotografias de grandes dimensões e também vídeos, a maioria inédita no Brasil, que apresentam registros de performances e intervenções urbanas realizadas durante sua carreira.
As peças costuram palavras à linguagem visual, como as Armadilhas Semânticas, em que Barja une imagens de animais e frutos a prefixos e sufixos. Sobre a necessidade de trabalhar semioticamente com a arte, o artista diz que não é proposital. ;Eu não sei como surgiu a necessidade. É como qualquer tipo de doença congênita, você não sabe por que a palavra está na sua obra, ela não é proposital. Surge como uma aparição, de uma forma muito espontânea e está sempre atravessando a matéria-prima da obra, tentando se fazer igual a matéria-prima, tentando ser obra-nome, tentando ser uma conjugação perfeita, como duas pessoas perfeitas que se encontram um dia na vida;, descreve.
No grande pavilhão negro, Barja apresentará uma obra inédita: Jonas. Entre o mito, a literatura, essa videoinstalação será constituída de 20 peças fundidas em alumínio e resina que consistem de vértebras de uma baleia com asas. Segundo o artista, Jonas fará o discurso ;anima/verbi-voco-visual;, um conceito que perpassa todo universo de sua criação artística. Serão exibidos vídeos no interior do conjunto de vértebras da baleia. ;Trabalho com alguns profetas e nesta exposição faço o encontro entre Oseias e Jonas, um profeta maldito, rebelde, que não queria profetizar, foge e, depois é engolido por uma baleia, é cuspido e começa a profetizar. Eu não sou religioso, faço isso porque gosto dos mitos e tento misturá-los para dar algum caldo histórico;, relata Barja.
Exposição: Experiência e Tumulto III
De 25 de fevereiro a 20 de abril de 2015, de 9h às 21h ; Quarta a segunda-feira. Centro Cultural Banco do Brasil. Entrada Franca. Classificação Indicativa: Livre.
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