postado em 26/02/2015 11:31
Ao lado de Marcius Melhem, Marcelo Adnet é um dos principais redatores do humorístico Tá no Ar: a TV na TV, que voltou recentemente em segunda temporada, na Globo. E o artista faz questão de deixar claro que a independência é o que norteia o seu trabalho. "Eu não sou a TV Globo. Não existe uma pessoa que seja a emissora. Ela é um conjunto enorme de pessoas e pensamentos e cada um age no seu espaço. Cada um no seu quadrado", diz ele.O humorista revela, ainda, que não pretende fazer novela e despista quando o assunto é ter uma nova atração na emissora carioca, no formato de talk show.
Confira a entrevista completa.
Como vocês trabalharam esta nova fase do programa?
[SAIBAMAIS]MARCELO ADNET - Ainda na primeira temporada, pensamos em um programa que mostrasse a loucura que é fazer tevê hoje em dia, sobre a esquizofrenia da programação e sobre a forma como a gente assiste. Por isso, essa coisa do muda, muda, muda. A tevê é frenética, esquizofrênica. Mas nós somos também, na nossa maneira de assistir. Então, queríamos fazer com uma complexidade crítica, um programa ácido e ousado. E acho que conseguimos chegar no ponto. O programa tem coisas como a tarja que lembra: "nós trabalhamos na Globo, mas não concordamos com tudo o que ela diz". Não tem nada demais nessa afirmação, embora seja engraçada e inesperada. E é verdade. Eu não sou a Globo, o Marcius (Melhem) não é a Globo. Não existe uma pessoa que seja a Rede Globo. Ela é um conjunto enorme de pessoas e pensamentos, e, cada um no seu quadrado, faz o seu programa.
Vocês receberam algum tipo de "desaprovação"?
ADNET - Não. Na verdade, tivemos uma liberdade decepcionante. Acho que, por trás disso, há uma inteligência. No mundo de hoje, onde todo mundo pode falar o que quiser, por que a televisão não pode seguir esse caminho? Para ser moderna. Estamos vivendo uma época de não se levar tão a sério, de fazer piada de si mesmo.
Muita gente compara vocês ao "TV Pirata". Como vocês encaram essa comparação?
ADNET - Acho ótimo, porque o TV Pirata era muito bom, marcou uma geração. Mas são coisas diferentes: um programa é a televisão, com suas mudanças de canal e o outro trazia esquetes gerais. Podiam ser sobre TV ou genéricos, mas eram pequenos quadros. Nós não nos inspiramos no TV Pirata, embora eu e todos sejamos muito fãs do programa, por tudo o que ele representou, pela revolução que ele fez.
Existem rumores de que você terá um talk show na Globo. Isso procede?
ADNET - Não posso falar nada, porque, realmente, não sei. Li sobre isso na imprensa, minha mãe veio me perguntar. Não houve convite. Ainda estou em fase de apuração. Mas, qualquer coisa que eu disser, seria irresponsabilidade e a emissora sabe que estou focado no programa. Quando passar essa fase, eu devo ter uma dimensão da veracidade disso.
Mas é uma vontade sua?
ADNET - É um tipo de programa muito legal, porque você tem uma autoralidade direta. Existe você e o discurso, pouca coisa entre isso. Tenho vontade de fazer muita coisa ainda.
Você se considera uma pessoa naturalmente engraçada?
ADNET - Acho que sim. Tenho um humor mais crítico, mais ácido. Às vezes, basta falar a verdade para ser engraçadíssimo. Porque a verdade constrange as pessoas.
E novela, pensa em fazer?
ADNET - Não. Até já recebi convites, mas acho que os autores também deixaram de se interessar. Não é o meu lugar. Não tenho saúde física para aguentar. Esses caras são verdadeiros atletas. Acordam cedo, dormem cedo, se alimentam perfeitamente e no dia seguinte fazem tudo de novo e, no dia seguinte, tudo de novo. É uma coisa enlouquecedora. Eu não aguento isso.