Diversão e Arte

Tadashi Endo mostra sua versão poética para o desastre de Fukushima

As cidades desoladas pela tragédia inspiraram o japonês a criar a coreografia Fukushima mon amour

Nahima Maciel
postado em 07/03/2015 08:00
As cidades desoladas pela tragédia inspiraram o japonês a criar a coreografia Fukushima mon amourO coreógrafo Tadashi Endo estava no Brasil em 11 de março de 2011, quando um terremoto seguido de tsunami desestruiu a usina nuclear de Fukushima, no Japão, causando o maior vazamento radioativo já experimentado pelo país. Endo mora em G;ttingen, cidade universitária no norte da Alemanha, desde a década de 1970, mas tem mãe e tia no Japão. Em trânsito na época por conta da turnê do espetáculo Mabe Ma, em homenagem a Manabu Mabe, ele não conseguiu retornar imediatamente ao país natal.

[SAIBAMAIS]Somente um ano após o acidente, o coreógrafo voltou ao Japão. O que viu foi devastador. A região de Fukushima havia se transformado em um aglomerado de cidades fantasmas. Nas ruas, bandos de cachorros caminhavam em busca de alimento e de abrigo. Endo ficou duplamente mortificado e começou a matutar as ideias que o levaram à coreografia Fukushima mon amour, apresentada hoje e amanhã na Caixa Cultural.

No palco, o coreógrafo se entrega à única mensagem que ele julgou capaz de elaborar para transmitir às vítimas: o sentimento de amor pela humanidade, apesar de seus erros. "Não queria algo que tivesse uma mensagem política", conta. ;Para mim, o que é importante em Fukushima mon amour é a segunda parte, ;mon amour;. O que eu poderia mandar para as pessoas que perderam tudo, que morreram?;. Aos 68 anos, Endo estava estarrecido com o destino do Japão e o título da coreografia foi uma forma de externar o espanto. Pela segunda vez em 70 anos, o país enfrentava novamente uma tragédia nuclear.

Endo queria concentrar na coreografia as dores, perdas e medos das vítimas, mas também queria construir uma espécie de manifesto destinado a todos os públicos do planeta, uma peça capaz de falar, ao mesmo tempo, das fraquezas e das forças que fazem do homem um ser imperfeito. Superar o desastre é uma força, mas negar o respeito à natureza é uma fraqueza.

Confira vídeo com trecho do espetáculo:

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