postado em 07/03/2015 08:20
O novo álbum de Yamandu Costa, Tocata à amizade, surgiu de uma maneira inusitada. O violonista e compositor gaúcho estava no auditório do Museu do Louvre, em Paris, quando recebeu uma encomenda. O "produto" era uma peça que faria um panorama da música popular no Brasil. Assim, nasceu a Impressões brasileiras, suíte que abre o disco.[SAIBAMAIS]Acompanhado de Rogério Caetano (violão 7 cordas de aço), Luis Barcelos (bandolim de 10 cordas) e Alessandro "Bebê" Kramer, Yamandu (violão 7 cordas de naylon) celebra a produção e a diversidade nacional com choro-tango, valsa, frevo-canção e baionga. Os temas autorais Negra bailarina e Boa viagem, e de João Pernambuco (Graúna) completam o projeto, que conta com Pedra do Leme, composição pouco conhecida de Raphael Rabello e Toquinho.
"Pedra do Leme é um choro com tendências latinas. No fim da carreira, Raphael teve como referências o flamenco, entre outras sonoridades hispânicas. Também tenho essas influências e quis mostrá-las no CD", diz Yamandu que, no início da carreira, foi muito comparado ao violonista fluminense. "Não me incomoda ser equiparado a ele. Na verdade é um privilégio. Raphael foi um artista de qualidade única, que sustentou a linguagem do choro e do samba em uma época que a música estrangeira era muito forte. Como disse certa vez o Hamilton de Holanda: ;Ele foi o pai da nossa geração;".
O diálogo entre erudito e o popular é representado pela suíte Retratos, de Radamés Gnattali, que faz um tributo aos gênios Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga. "As supostas diferenças entre as duas escolas (erudito e popular) foram conceitualizadas pela mídia. Elas não existem: as vertentes se comunicam e bebem uma na fonte da outra", dispara. "Sou um músico de formação popular. Porém, cheguei os a um ponto em que busquei outras linguagens e é aí, por exemplo, que o erudito entra no repertório".
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