postado em 08/03/2015 08:00
;Esse tal de iê-iê-iê é uma droga: deforma a mente da juventude;, declarou a incendiária Elis Regina em meados dos anos 1960. Pouco tempo depois, a cantora gaúcha acabou por incluir em seu repertório canções dos ídolos máximos da Jovem Guarda, Roberto e Erasmo Carlos. A súbita transformação chamou a atenção da imprensa. ;Mudei de opinião, oras. Vocês nunca mudaram?;, provocou Elis, com a típica soberba que a acompanhava.
Assim era Elis: complexa e contraditória. Ela ia à feira e, caso percebesse que os trocados lhe faltavam no bolso, pedia para pendurar o alface. Isso quando já era Elis Regina, ;a maior cantora do Brasil;. Apesar do temperamento agressivo e bipolar ; ou ;ciclotímico;, como preferiam à época ;, a artista não se comportava como diva. Pelo contrário, era do povo e a ele queria pertencer. Não à toa, despia-se nas entrevistas como se estivesse em uma sessão de terapia.
Há cinco anos, o jornalista Julio Maria vem se debruçando sobre a vida e a obra da cantora, escancaradas nos discos que deixou, nos vários depoimentos que concedeu às rádios e televisões, e na memória dos que conviveram com ela. Julio fez cerca de 130 entrevistas com pessoas que viram a artista de perto e o resultado está em Nada será como antes, biografia que será lançada no próximo dia 17, data em que Elis completaria sete décadas de vida. Ela morreu em 1982, aos 36 anos.
Intérprete de recursos infinitos, Elis despontou para o estrelato no fim da adolescência e passou a maior parte da vida sob os holofotes. A morte prematura, contudo, causada por uma overdose de cocaína, acabou por mitificá-la ; muito mais, possivelmente, do que ela gostaria que fosse. Em 1985, a jornalista Regina Echeverria encontrou dificuldades para arrancar profundidade dos entrevistados ouvidos para a biografia Furacão Elis. Julio Maria, por outro lado, teve o tempo a seu favor.
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