Irlam Rocha Lima, Adriana Izel
postado em 10/03/2015 08:00
A música caipira quase não existe mais. Pelos menos na grande mídia. Quem garante, e lamenta, é o músico Rolando Boldrin. O tratamento inadequado que o gênero tradicional tem recebido preocupa seus apreciadores. Afinal, o estilo está fadado a desaparecer? A questão vem à tona com ainda mais força após a morte da cantora e folclorista Inezita Barroso, no último domingo. Apresentadora do programa Viola, minha viola, da TV Cultura, desde 1980, dedicado integralmente ao estilo, sem concessões, a artista deixa órfãos uma legião de admiradores da música de raiz.[SAIBAMAIS]"Quem curte, curte. Mas o gênero não tem um suporte de divulgação. A música caipira tradicional virou quase que folclore", observa Boldrin, que apresenta o programa Sr. Brasil, também na TV Cultura. Para ele, é evidente que há muita gente querendo consumir esse estilo. Prova inequívoca é o grande sucesso do Viola, minha viola ao longo dos anos. "Não há abertura na mídia, mas existem muitos artistas querendo se aprofundar no gênero. E não falo em relação ao sertanejo atual, que é de alto consumo. A música caipira é uma corrente mais pura, e o trabalho de Inezita é de importância inestimável."
De acordo com o pesquisador de cultura popular Edvan Antunes, autor do livro De caipira a universitário - A história do sucesso da música sertaneja (Editora Matrix), a cultura de raiz mantém-se com muita força no interior do país, apesar do desprezo da grande mídia. Ele destaca o alto número de rádios, fora dos grandes centros urbanos, que dedicam parte da programação, sobretudo as manhãs, à música caipira. Além disso, continuam a nascer vários grupos de violeiros nessas regiões. "A força desse gênero é muito grande, pois o Brasil ainda é um país rural, exportador de grãos", analisa o estudioso.
Inezita Barroso estava na vanguarda em relação ao que se espera da valorização da cultura nacional. "Ela não poupou esforços para cantar o Brasil", observa o violeiro e pesquisador Cacai Nunes, que apresenta o programa Acervo origens, na Rádio Nacional FM. Para Cacai, o que a folclorista deixa como maior legado, e ele vem tentando fazer, é inserir esses valores tradicionais nos trabalhos a fim de que se mantenham vivos para as novas gerações.
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