Nahima Maciel
postado em 15/03/2015 08:04
Darlan Rosa, Adriana Marques, Tiago Botelho, Glênio Lima, Josafá Naves, Tarciso Viriato, Dulce Schunk e Clarice Gonçalves nunca estiveram em Cuba e vão estabelecer conexão com a ilha pela primeira vez em maio. O grupo de artistas de Brasília foi convidado a participar da coletiva Acercamientos, mostra paralela à 12; Bienal de Havana, que este ano comemora 30 anos e tem como tema Entre a ideia e a experiência. ;Foi um grupo formado de maneira meio aleatória;, avisa Glênio Lima, que ajudou a coordenar a escolha dos artistas. ;Não temos uma temática e nem somos todos de uma geração. A diversidade talvez seja nossa característica mais abrangente, cada artista tem uma história na cidade;.
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Em busca de patrocínios para poder realizar a viagem até Cuba e transportar e embalar as obras, cada artista ficou responsável por escolher o próprio trabalho destinado à exposição. Glênio Lima decidiu levar uma série de objetos intitulados Estalactite, que consiste em peças construídas com materiais descartáveis que, segundo o artista, continuam o ciclo da matéria ao serem incorporados a uma obra de arte. Com tinta cáustica e fogo, ele constrói os objetos na própria tela. ;Estalactite é o que cai e forma pigmentos. Fiz isso a partir da ideia de resíduos, daquilo que cai, escorre;, conta.
Tarcísio Viriato ainda permanece em dúvida quanto ao que apresentar em Cuba, mas está ansioso em estabelecer diálogo artístico com a ilha. ;É um momento interessante de transição nas relações de Cuba, não só com os Estados Unidos mas com o mundo. A ilha sempre esteve na cabeça das pessoas como uma coisa revolucionária, mas também exótica;, repara Viriato, que pensa em levar uma série de colagens feitas com objetos coletados em viagens ou algumas pinturas feitas em Nova York e na Hungria. ;Acho que vai ser uma troca, uma aproximação e essas coisas acabam trazendo ganhos bilaterais. Nós, como artistas, acabamos sendo cronistas do nosso tempo;.
A série de desenhos Seres do mar, que Tiago Botelho selecionou para Acercamientos, foi realizada à beira-mar, na Bahia, entre um mergulho e outro. Quando o artista recebeu o convite para participar da bienal cubana, enxergou imediatamente a possibilidade de um diálogo entre seus seres e a própria cultura da ilha. ;Percebi que era um trabalho que tinha a ver com Cuba porque é feito de um material simples;, diz o artista, que trabalhou com papéis reciclados e caneta hidrocor. ;Ele tem uma riqueza que não passa pelo material e sim pela energia;. Botelho também percebeu como seus estranhos personagens podiam, ainda, serem alvos de um paralelo com a santería cubana. Brasileiros e cubanos têm profunda ligação com o continente africano, de onde vieram as entidades das religiões afro que mais tarde encontrariam um sincretismo harmônico com as religiões europeias nas versões nacionais do candomblé e da santería. ;É um diálogo de ancestralidade;, comenta Botelho.
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