Diversão e Arte

Azealia Banks diz à Playboy que odeia os EUA e aponta racismo na música pop

Cantora norte-americana posou nua para revista que chega às bancas na sexta-feira, 20

postado em 17/03/2015 11:05
Banks comentou fama de briguenta: ''Lorde pode falar as merdas que quiser sobre todas as outras vadias, ninguém vai dizer que ela é raivosa. Se eu tenho algo a dizer, sou jogada para escanteio''A entrevista de Azelia Banks à Playboy norte-americana é tão aguardada por fãs quando o ensaio sensual da cantora, clicada por Ellen Von Unwerth para a edição que chega às bancas dos EUA na próxima sexta-feira, 20. O motivo da expectativa fica óbvio no trecho antecipado pelo site da revista nesta segunda-feira, 16: a visão politizada e sempre ácida da artista. Em conversa com o jornalista Rob Tannenbaum, Banks critica sua terra natal - "eu odeio tudo sobre esse país" ; e aponta as diversas ramificações do racismo sob seu olhar, tanto na indústria pop quanto na formação cultural e histórica dos Estados Unidos.

[SAIBAMAIS]Sem medo de abordar temas polêmicos, ela confessa não estar disposta a obedecer as regras para tornar-se uma popstar: "há certas maneiras que você precisa se comportar para tocar no rádio. Eu quero ficar com quem eu sentir vontade. Quero fumar maconha. Quero ficar bêbada". Estrela da capa e do ensaio principal na revista, Azealia garante que não pensou duas vezes ao receber o convite para posar nua. "Toda vez que meu empresário programa uma sessão de fotos eu digo ;vamos fazer uma foto nua!'", ela brinca. "Eu amo ficar pelada", declara. Confira abaixo alguns trechos da entrevista de Azealia Banks à Playboy.

Norte-americanos
"Eu odeio esses americanos brancos e gordos. Todas as pessoas encrustadas no meio da América, a carne gorda do país, são aqueles brancos conservadores e racistas que vivem em suas fazendas. Aquelas adolescentes que trabalham no Kmart e têm uma vovó racista - aquilo é a América de verdade. (...) Assim que eu tiver meu dinheiro, vou sumir daqui e deixar vocês todos com seus aparelhos".

Discriminação na música pop

"É sempre sobre a raça. Lorde pode falar as merdas que quiser sobre todas as outras vadias, ninguém vai dizer que ela é raivosa. Se eu tenho algo a dizer, sou jogada para escanteio. Todos vocês filhos da p* ainda me devem reparações! Por isso que ainda se trata de raça".

Voz contra o racismo

"Eu me decepciono quando as pessoas dizem ;por que você não se limita a fazer música?;. O que aconteceria se eu não pudesse cantar? Aí eu seria só mais uma vadia negra pra vocês. É muito irritante. Pessoas negras merecem reparações por terem construído este país, nós merecemos muito mais crédito e respeito".

"Meus fãs brancos dizem ;por que você exige reparações por um trabalho que você nem fez?;. Bem, vocês herdaram as propriedades de seus avôs e tiveram o direito de ficar com os diamantes e pérolas das suas avós. (...) Eu sou negra e sou um pé no saco para vocês. Mas eu não estou falando com vocês, é isso que deixa as pessoas nervosas. Vocês não estão convidados para essa conversa. Não é sobre vocês".

Cultura e inadequação
"Quando você arranca pessoas de suas terras, de seus costumes e culturas, ainda há uma parte de mim que sabe que eu não deveria falar inglês. Eu não deveria estar cultuando Jesus Cristo. Toda essa merda não é natural para mim. As pessoas vão dizer ;ah, você é ignorante porque não sabe falar direito o inglês;. Não. Isso não é meu. Eu nem escolhi isso para mim, então vou fazer o que eu quiser com esse idioma".

Cantora norte-americana posou nua para revista que chega às bancas na sexta-feira, 20

História negra nas escolas

"Os livros de história nos EUA são horríveis se você não é branco. (...) Eu poderia escrever um livro sobre por que negros não devem ser cristãos. Crianças negras deveriam ter um currículo especial que não começasse na viagem da África até aqui. Tudo o que você sabe, enquanto criança negra, é que nós viemos para cá em um barco, não tínhamos nada e continuamos sem ter nada. Mas o que estava acontecendo na África? Qual é a cultura da qual fomos afastados? Essa informação é vital para a sobrevivência de uma jovem alma negra".

Jay Z, Pharrell e o orgulho negro

"[Jay Z] é o único em quem eu presto atenção. O lance da raça sempre vem à tona, mas eu quero chegar lá sendo extremamente negra, orgulhosa e barulhenta a esse respeito. Você me entende? Muitas vezes, quando você é uma mulher negra e orgulhosa disso, pessoas brancas não gostam de você. Na sociedade americana, o jogo é ser uma pessoa negra não-ameaçadora".

"É por isso que você tem Pharrell ou Kendrick Lamar dizendo ;como podemos esperar que nos respeitem se não respeirtamos a nós mesmos?;. Eles jogam esse jogo do negro não-ameaçador, é isso que faz as mães de família dizerem ;ah, nós os amamos;. Até Kanye West joga um pouco esse jogo - ;por favor me aceite, mundo branco;. Jay Z nunca jogou por essas regras, é disso que eu gosto".

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