Ricardo Daehn
postado em 19/03/2015 07:13
;Adirley Queirós é filho da cidade;, destaca Denise Vieira, coprodutora de Branco sai, preto fica, ao dar a dimensão de como o longa-metragem representa a vivência de discriminação, de negligência e de um violento revide social, ao filme que trata de Ceilândia, uma das cidades mais populosas do Distrito Federal. ;Ceilândia é tipo um aborto, e o filme tá cobrando um filho de volta;, sintetiza o DJ Shokito, um dos personagens da premiada ficção científica que, hoje, chega às telas de cinema em várias regiões do país.
Confira os horários de exibição de Branco sai, preto fica
Atual morador de Taguatinga, mas com 40 anos de Ceilândia, o metroviário Claúdio da Silva, que já foi serígrafo, comemora a difusão de informações celebradas pelo cinema coletivo do qual ele faz parte, o CeiCine. ;O filme é um grande protesto. Se presta a destruir paradigmas sociais reinantes;, completa. Além de ter sido o grande vencedor do Festival de Brasília no ano passado, o longa se afirma no circuito de festivais internacionais. Na noite de terça-feira, a produção levou o prêmio especial do júri e o prêmio da crítica internacional no 55; Festival Internacional de Cinema de Cartagena das Índias, na Colômbia, onde o diretor Adirley se encontra.
[SAIBAMAIS]Colega de elenco, DJ Jamaika carrega consigo parte da história do hip-hop do DF. Em seus mais de 20 anos de carreira, ele viu o rap estabelecer-se como movimento cultural ; mas também testemunhou de perto a repressão violenta da polícia, que nos anos 1980 invadiu uma festa black com bombas e gás de pimenta.
A indignação gerada pelo episódio, ponto de partida do longa-metragem, toma forma de uma bomba metafórica que tem como objetivo explodir Brasília. ;Misturamos vários sons, colocando para fora essa ira da época;, explica Jamaika sobre a representação sonora da bomba em Branco sai, preto fica. A curiosidade de Jamaika pelo cinema vem desde quando fez um teste para o filme Carandiru (2003), de Hector Babenco.
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Foi no entanto por intermédio de Adirley Queirós que o artista envolveu-se com a sétima arte. Antes de Branco sai, preto fica, ele havia participado do documentário em curta-metragem RAP ; O canto da Ceilândia (2006), também dirigido por Queirós. Para Jamaika, a convivência com o cineasta facilitou no momento de encontrar o tom adequado para o personagem. ;O que deixa a gente à vontade é a direção do Adirley. Ele consegue passar uma liberdade para criarmos a cada momento. Pelo fato de ele conhecer muito a gente, ele sabe até onde podemos ir.;
Após a campanha de sucesso que o filme fez em festivais, Jamaika comemora a chance do público finalmente poder ver a sua cidade nas telas comerciais. ;Todo mundo sabe que o filme aconteceu, que recebeu prêmios, mas as pessoas me perguntam: ;Cadê o filme?; Estou fazendo a maior divulgação porque está todo mundo ansioso para assistir;, afirma o DJ. ;É importantíssimo ver a nossa cidade no cinema, nossa realidade, o jeito que a gente fala.;
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