postado em 25/03/2015 08:03
O estudo sobre o modernismo da capital mineira foi a alavanca que fez André Mascarenhas se debruçar sobre a história do caricaturista Domingos Xavier de Andrade, o Monsã, um dos pioneiros das artes gráficas e desenho de humor em Belo Horizonte. O resultado da pesquisa é o livro Monsã: uma vida na ponta do lápis, que será lançado nesta quarta-feira (25/3) no Carpe Diem da 104 Sul. A publicação não só apresenta o artista, como expõe o cenário em que a cultura gráfica dos anos 1930 foi cultivada e se desenvolveu.
Sob orientação de Regina Helena Alves da Silva, Mascarenhas publicou a pesquisa de mestrado com o título Traços de BH ; Contribuição dos caricaturistas para o modernismo da capital. O filho de Monsã, João Batista Andrade, se interessou pela publicação de um livro e, assim foi montada uma equipe para dar ação ao projeto. Sete textos apresentam várias faces da obra de Monsã, que era exímio caricaturista, ilustrador e artista gráfico. A pesquisa também situa o artista no cenário do modernismo, ao trazer um estudo cronológico e um inventário de trabalhos do artista.
;O acesso à coleção particular da família do caricaturista Monsã demandou um esforço maior de deslocamento de minha parte, pois o único filho vivo do artista, João Batista Andrade Monsã, residia em Brasília. A importante e longa empreitada para fazer honra à vida e à obra de Monsã exigiu da equipe o desenvolvimento de etapas distintas e complementares de trabalho. A primeira consistiu no levantamento rigoroso da documentação arquivística textual e iconográfica, realizado em arquivos e em outras instituições públicas de pesquisa, além do levantamento feito no arquivo da própria família de Domingos Monsã;, explica Mascarenhas no prefácio do livro.
O interesse sobre Monsã nasceu de busca por tema pouco pesquisado para trabalho de pós-graduação, diz Mascarenhas. ;O objetivo do livro sempre foi publicar o máximo de obras do artista, cujo traço dialoga com estéticas modernistas, como art decó e o expressionismo;, pontua. Segundo o pesquisador, chargistas e humoristas ainda são artistas pouco considerados, por falhas nos relatos históricos ou até pela desvalorização do humor gráfico como arte.
O artista e o meio
Monsã integra um grupo de artistas que conta com nomes como Delphino Júnior, Fernando Pieruccetti e Érico de Paula. O pesquisador suspeita que eram amigos, por frequentarem os mesmos lugares, terem a mesma idade e o objetivo de realizar trabalhos inovadores. ;Com as caricaturas, os artistas registram as novidades trazidas pela modernidade, como o automóvel, a luz elétrica e a moda. Mostram ainda o momento de transformação e os conflitos entre novos e velhos hábitos;, destaca Mascarenhas.