Ricardo Daehn
postado em 21/05/2015 14:59
[VIDEO1];Paciência, diplomacia e toneladas de ensaios;, como define o pianista Blair McMillen, afinaram a capacidade dele como maestro. Fã de John Lennon e de McCartney, junto com outros consagrados do porte de John Coltrane, dos contemporâneos Michael Tilson Thomas e Yo-Yo Ma e, lógico, bebendo de origens como J.S Bach e Igor Stravinsky, McMillen admite que a perspectiva de tocar numa premi;re mundial brasileira lhe desafia muito.
Escalado pela Embaixada dos Estados Unidos para eventos em Brasília, Recife e João Pessoa, McMillen - que já foi destacado pelo The New York Times como um dos ;brilhantes astros; da música - depois de master class com alunos da UnB, na sexta (dia 22 de maio), estará em recital, às 20h, na Casa Thomas Jefferson (SEPS 706/906, Bl. B), com entrada franca.
Ao menos até o próximo dia 31, o norte-americano estará envolvido com workshop em Recife (ao lado de músicos de frevo, no dia 27) e de encontro de harmonização com a Prima Orquestra de João Pessoa (dia 29 de maio) para recital em Campina Grande. ;Creio que preciso, imediatamente, ouvir as músicas regionais nordestinas;, comenta.
Íntimo do visual proporcionado pela Governors Island (Nova York), no qual cofundou o Rite of Summer Festival, Blair McMillen, que é graduado pela prestigiada Julliard School, não esconde o desejo do contato a céu aberto com Brasília. Integrante do grupo de professores do Bard College and Conservatory, há 10 anos, vale ressaltar que o pianista teve recitais marcados para o Carnegie Hall, Conservatório de Moscou e o Lincoln Center. Para o Brasil, o músico traz na bagagem a intimidade com peças de Prokofiev e sonoridades medievais, mas sem descartar a vontade de executar músicas atuais.
Qual a expectativa de vir ao Brasil, e particularmente de estar em Brasília?
Já estive em vários países, mas raramente posso me estender em algum dels. Mal posso esperar por Brasília. Me disseram que há uma espécie de utopia em termos de arquitetura moderna. Estou distante da realidade?
Pesa mais a satisfação ou a responsabilidade de ter sido tão elogiado pelo The New York Times?
Não minto: é bom ser elogiado. Mas não é para isso que recorri à música. Leio as críticas positivas, e tento ignorar as negativas.
Estudar na renomada Julliard te trouxe trauma e quais sacrifícios se fizeram presentes?
Acho que fui prudente e prevenido inicialmente, em parte por ouvir ;aqueles; boatos que sempre atrapalharam Juilliard (alguns reais, é bem verdade ; mas, a maioria, improcedentes). Mas, como um lugar para aprender e afiar a técnica, Juilliard se revelou perfeita para mim. Meus três anos de aprendizado por lá se confirmaram como os mais produtivos, em toda a minha vida. Em termos de desenvolvimento como músico, Juilliard foi crucial: me indicou pontos de vista num patamar completamente novo para mim.
Ser codiretor do evento Rite of Summer Music Festival te traz interesse num eventual concerto a céu aberto?
Apresentaria concertos externos, no Brasil, num piscar de olhos! Nós afrontamos as condições climáticas (e as previsões de tempo) várias vezes, a cada verão. Ter pela frente este risco é apenas parte do nosso trabalho de se apresentar de modo desprotegido em concertos de verão. Aceito perfeitamente as condições adversas. Para eventualidades, temos um aparato de contenção de chuva, para cada show. Mas, em quatro temporadas, só lançamos mão dele, uma vez.
É indispensável seriedade, quando se fala em ser maestro?
Sem dúvida, alguns são. Mas, para cada Ricardo Muti, existe um Gustavo Dudamel ou um David Robertson: maestros persuasivos por meio da música e que trilham caminho diferenciado do que traz medo, são musicais, acessíveis e inspiradores, simultaneamente.
Que repertório prevê para o show na Casa Thomas Jefferson? E o que espera do Brasil?
Estive no Brasil, apenas uma vez, há muito tempo, por dois dias em Fortaleza. Tudo lindo! Esse recital me empolga, pelo programa de várias formas. Mas uma composição que tem me deixado ansioso é "Serenade de Don Juan," de Karol Szymanowski. Szymanowski foi um fenomenal compositor polonês do começo do século 20. Ele é tão multifacetado que sua música não serve em escaninho: é difícil de ser encaixado numa categoria. Mas, ele é dos gigantes produtores de música do século passado e merece ser mais difundido.