postado em 03/06/2015 08:53
Há mais de 40 anos, José Perdiz comanda a oficina que leva seu sobrenome, na 708/709 Norte. O local ; que ganhou projeção internacional graças ao documentário Oficina Perdiz, de Marcelo Díaz ; faz parte da história da cultura do Distrito Federal. Por 22 anos, a oficina também foi palco de Esperando Godot, Diário do maldito, Bella Ciau e História de algum lugar, entre outras montagens.
[SAIBAMAIS]A crise do teatro-oficina começou nos anos 2000 e, agora, pode estar caminhando para uma solução. Há uma semana, a família de Perdiz se mudou para um novo espaço, na 710 Norte, com intenção de dar continuidade ao conserto dos carros e às artes cênicas. ;O prédio é novinho, tem menos de um ano, mas ainda não consegui levar as coisas da oficina para lá. Sei que não poderei levar tudo, pois tamanho é bem menor. Muito do que está aqui na 708/709 Norte terei que jogar fora ou vender barato;, conta Perdiz, entre as máquinas de solda e o touro mecânico.
A oficina ficará na térreo da nova sede, cujo o subsolo será destinado à arte. As fortes chuvas no início do ano alagaram o espaço, que até hoje tem o vermelho do barro no chão. O imprevisto atrasou a mudança da família de Perdiz e as obras da nova arena. ;Claro que toda ajuda é bem vinda, mas não estou contando com ninguém para levantar esse teatro não. Da primeira vez, fiz tudo sozinho;, diz. ;Comecei a trabalhar aos 8 anos e quero continuar trabalhando. Se ficar nessa vida sem trabalhar é melhor morrer;, dispara mecânico de 83 anos, que acredita na cultura. ;Se tivesse dinheiro, construiria um prédio para abrigar espetáculos de ópera. Adoro ópera;.
O bom gosto musical do mecânico é descoberto logo na entrada da oficina, quando é possível ouvir a música erudita que sai de um equipamento de som. Nas arquibancadas de ferro ; que um dia receberam público curioso, capaz de ficar até às duas da manhã assistindo a um espetáculo ; hoje, apoia cadeiras desmontadas, pedaços de móveis, ventiladores e microondas.
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