postado em 15/06/2015 10:45
A novela em torno da publicação de biografias mediante autorização prévia finalmente teve um desfecho na semana passada. Biógrafos e editoras comemoraram a decisão do Supremo Tribunal Federal - que permite a publicação de biografias sem necessidade de revista e permissão antecipada dos personagens ou familiares - e planejam retomar projetos para levar às livrarias obras que sofreram embargo. Ao Correio, alguns desses autores contaram o que a mudança de cenário representa para eles.[SAIBAMAIS]Ruy Castro, biógrafo de Mané Garrincha, Nelson Rodrigues e Carmen Miranda
É bom saber que agora quando digo que sou escritor e me perguntam qual é minha especialidade finalmente posso dizer com todas as letras: sou biógrafo. Até quarta-feira, eu teria que dizer: sou biógrafo, se e quando deixam. Graças ao STF já posso andar de cabeça erguida, deixei a clandestinidade.
Lira Neto, biógrafo do Getúlio Vargas
Vou continuar fazendo meu trabalho com a tranquilidade que a legislação não vai me surpreender. Está prevalecendo o bom senso, é o veredicto que a sociedade esperava. Era inconcebível que ainda existisse essa limitação. Uma questão que se perdeu nessa discussão é que os dois artigos (20 e 21 do Código Civil) em nenhum momento restringem essa proibição ao gênero biográfico o que faz com que tudo caiba ali dentro: livros históricos, documentários; Desde que alguém que seja retratado poderia recorrer aos dois artigos e retirar o material de circulação. O que estava ilícito era a própria narrativa histórica. O problema era muito mais grave.
Mario Magalhães, biógrafo de Carlos Marighella
A decisão do Supremo é uma derrota da censura e triunfo da democracia. É um pequeno passo para os biógrafos e grande salto para a sociedade brasileira. A goleada do Supremo é contra a censura e o obscurantismo. A decisão ameniza os constrangimentos que fazem com que candidatos a biógrafo pensem 1 milhão de vezes antes de encarar uma biografia.
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