Diversão e Arte

Cena Contemporânea completa 20 anos com programação diversificada

Sob a direção de Alaôr Rosa e Michele Milani, festival traz espetáculos de vários países

postado em 30/06/2015 07:00

Staying alive marca o retorno do grupo espanhol Matarile aos palcos após um hiato de três anos
A apreensão era grande em torno da 16; edição do Festival Cena Contemporânea, que ocupa os principais palcos da cidade (pelo menos aqueles que ainda estão abertos), em agosto. Pela primeira vez, a direção geral do maior evento de teatro do Centro-Oeste não estará nas mãos do diretor Guilherme Reis, fundador da iniciativa. Desde o início deste ano, Guilherme assumiu a Secretaria de Cultura do Distrito Federal e se viu obrigado a se desligar do festival, que criou em 1995.

O ofício foi repassado para os experientes Alaôr Rosa e Michele Milani. A programação completa do Cena 2015, divulgada ao Correio com exclusividade, demonstra a capacidade da curadoria atual em manter a qualidade, originalidade e ineditismo que costumam marcar o projeto.

Entre as atrações internacionais, alguns espetáculos inéditos de países como Portugal, Polônia, Espanha, Argentina, Geórgia e Alemanha. Um dos destaques certamente ficará por conta da companhia portuguesa O Bando, que participou da primeira edição do Cena Contemporânea, há 20 anos. O grupo, consagrado no panorama cênico de Portugal, retorna a Brasília com a peça Casaverde, baseado na obra do nosso Machado de Assis.

Exatamente, o tipo de intercâmbio cultural que costuma interessar o público e os artistas envolvidos no Cena. O brasiliense Rodrigo Fischer, por exemplo, juntou-se ao Akhmeteli Theatre, da Geórgia, para compor 2 %2b 2 = 2, que aproveitará o evento para a estreia nacional do espetáculo.

Outro nome a chamar a atenção será da atriz polonesa Jolanta Juszkiewikcz, uma das mais prestigiadas artistas de sua geração, que aparece por aqui com o pungente The mother, na qual investiga as relações entre mãe e filho.

As escolhas nacionais passam por sucessos de crítica recentes, como E se elas fossem para Moscou?, de Christiane Jatahy, uma diretora de teatro e cinema que costuma inovar na dramaturgia e proposta. Nessa peça, por exemplo, ela mistura as duas vertentes para conduzir a encenação e um filme simultaneamente.

Os cariocas do Amok Teatro, companhia voltada para o experimentalismo, debruçam-se sobre matrizes africanas para apresentar Salina - A última vértebra. A surpresa nacional, no entanto, talvez fique por conta da presença de Gustavo Gasparani, um dos mais versáteis artistas da atualidade. Passista de samba e forte nome do gênero, Gustavo vem se destacando no ambiente cênico e colecionando alguns prêmios. No Cena, ele encara (e encarna) Ricardo III.

Divulgados anteriormente, os espetáculos locais estão à altura da programação e refletem uma bela safra do teatro brasiliense.

Confira a lista completa das atrações do Cena Contemporânea 2015:

ESPETÁCULOS INTERNACIONAIS

CASA VERDE ; Cia de Teatro O Bando - Portugal
Monólogo inspirado em O Alienista, de Machado de Assis, aborda temas como loucura, política, megalomania e tentativas de controle. Uma única atriz dá vida a vários personagens. Casaverde é o sobrenome de uma conceituada cientista e também nome do lugar onde são internadas cada vez mais pessoas, diagnosticadas por ela a partir de acessos pontuais considerados loucura, como uma vaidade extrema, a superstição, a dúvida, a intensa gesticulação - megalómanas, as mãos tomam conta dos gestos e vontades - e daí em diante. Dra. Ema Casaverde encara todos os desvios como provas de uma loucura latente, encontrando o motivo e o apoio político para internar cada vez mais gente. A encenação utiliza projeções que dialogam com a atriz em cena.

BRICKMAN BRANDO BUBBLE BOOM - Agrupación Señor Serrano - Espanha (estreia no Brasil)
Uma cinebiografia cênica da vida de Sir John Brickman, o maior construtor e empreendedor da Inglaterra do século XIX, um homem visionário, que inspirou o primeiro sistema hipotecário da história. Mas a peça é também uma cinebiografia sobre a vida de Marlon Brando, um ator selvagem em busca de um lar. O espetáculo trabalha com projeções, maquetes e uma grande variedade de dispositivos. BBBB, como é carinhosamente chamado, recebeu o prêmio de Espetáculo Mais Inovador da Feria Internacional de Teatro y Danza 2013, Huesca.

THE MOTHER - Kropka Theatre - Polônia/Austrália (estreia no Brasil)
Monólogo dirigido e interpretado pela atriz Jolanta Juszkiewikcz, uma das mais consagradas atrizes polonesas, detentora de vários prêmios em seu país. A encenação é inspirada na linguagem da "Forma Pura", defendida pelo dramaturgo, romancista, pintor, fotógrafo e filósofo S.I. Witkiewicz (1885-1939), uma das principais figuras da vanguarda do teatro polonês e um dos mais traduzidos autores poloneses. Witkiewicz está sendo celebrado na Polônia, que dedicou o ano de 2015 ao grande dramaturgo. Em cena está a relação demente e inquietantemente familiar de uma mãe com seu filho, marcada pela exploração afetiva.

STAYING ALIVE - Matarile Teatro - Espanha (estreia no Brasil)
Espetáculo que marca o retorno à cena da companhia Matarile, uma das mais conceituadas da Espanha, após três anos de inatividade. O grupo parte do significado do próprio título para afirmar: "continuamos vivos, por acreditar no teatro como meio de expressão e de vida, em meio ao medo e vivendo no pior cenário possível para a Europa". O espetáculo trabalha teatro e dança e mistura ingredientes do circo, do teatro do absurdo, o uso irracional da razão, a negação do academicismo, a magia do espaço como metáfora da fé.

TEATRO INVISIBLE - Matarile Teatro - Espanha (estreia no Brasil)
Espetáculo solo de Ana Vallés, no qual leva para a cena temas como o teatro, a situação da produção artística na Espanha contemporânea e, mais especificamente a realidade de ser mulher, galega e autora de teatro no mundo atual. Uma declaração de princípios, o espetáculo nasceu de um encontro entre Ana Vallés e estudantes de direção teatral em 2012. Tem grande inspiração no Teatro do Oprimido do brasileiro Augusto Boal.

LOS CUERPOS - Federico Fontán e Ramiro Cortez - Argentina
Duo de dança contemporânea vencedor da categoria de Projeto a Desenvolver na Bienal de Arte Jovem de Buenos Aires. Dois homens transitam num espaço despojado. Em seus corpos, convivem o terrível e o belo, o animal, o caprichoso, a pulsão, a força extrema, o abandono. Os textos e situações retratados os levam a enfrentar-se nos limites físicos, sem perder o erotismo e a emoção.

2 %2b 2= 2 ; Akhmeteli Theatre ; Geórgia/Rodrigo Fischer ; Brasil (estreia no Brasil)
Parceria entre o Akhmeteli Theatre, de Tbilisi, capital da Geórgia, com o ator e diretor Rodrigo Fischer, do Brasil, para a criação de um espetáculo que reflita sobre questões relevantes para a realidade da Geórgia do século XX, como as fronteiras territoriais, culturais, religiosas e estéticas. Inspirado na cineasta Claire Denis e no cineasta georgiano Serguei Paradjanov, o trabalho parte da apropriação de novas tecnologias para a multiplicação do tempo-espaço do teatro e seu encontro com o cinema. A encenação parte de uma dramaturgia performativa de depoimentos pessoais dos próprios atores com rastros ficcionais, conformada com auxílio do escritor, performer e ativista de direitos humanos georgiano Irakli Kakabadze, que é radicado em Nova York. O espetáculo estreou em março, na Geórgia, com grande repercussão, sendo apontado pela imprensa como um dos melhores trabalhos teatrais do país nos últimos anos.


ESPETÁCULOS NACIONAIS

A ESTUFA - Ary Coslov - RJ
Espetáculo com várias indicações a prêmios como Shell e Cesgranrio, apresenta texto inédito no Brasil do consagrado dramaturgo inglês Harold Pinter (1930-2008). The Hothouse foi escrita por Pinter em 1958 e arquivada por ser considerada pelo autor fantasiosa demais. A primeira montagem, feita pelo próprio dramaturgo, data de 1980. Conta a história de uma instituição na qual os internos são identificados apenas por números, onde reinam a burocracia e personagens estranhos, em situações de mistério, sexo e violência, em clima de Teatro do Absurdo. A estrutura do local é abalada na noite de Natal, quando um dos internos aparece morto e outra dá à luz um bebê. Uma reflexão sobre política e poder.

A GELADEIRA - Antikatártika Teatral (AKK) - SP
Espetáculo dirigido Por Nelson Baskerville, a convite do Centro Cultural São Paulo, especialmente para estrear no Festival Mix Brasil. Um homem acorda na manhã de seu 50; aniversário e encontra uma geladeira no meio da sala. A partir dela, vê saltar de seu passado figuras como a mãe, a empregada, a psicanalista, seu cão e até um rato que mora em seu armário. Todos representados por um único ator nesta peça non sense do argentino Copi (pseudônimo de Raúl Damonte Botana, 1939-1987) em que a existência humana se recusa a se fixar em um único lugar e em que os papéis sociais, a sexualidade e a subjetividade aparecem em pleno trânsito.

E SE ELAS FOSSEM PRA MOSCOU? - Christiane Jatahy - RJ
Um passo ainda mais radical na pesquisa da diretora sobre a interação das linguagens do teatro e do cinema, o espetáculo é, ao mesmo tempo, encenado no teatro e filmado, editado e projetado numa sala para outra plateia. O resultado é uma peça teatral e um filme sendo feitos ao mesmo tempo, ao vivo. A história é inspirada no texto ;As três irmãs;, de Anton Tchekhov, escrito em 1900, sobre três irmãs que vivem com um irmão no interior da Rússia e sonham em voltar para Moscou, onde viveram suas infâncias felizes.

SALINA - A ÚLTIMA VÉRTEBRA - Amok Teatro - RJ
Obra que bebe da matriz africana e olha a cena como espaço ritual, próximo à dimensão do sagrado. Salina é uma mulher que se casou à força e foi violada pelo marido, dando à luz Mumuyê Djimba, o "filho do ódio". Acusada de deixar o esposo morrer agonizante no campo de batalha, é banida de sua cidade. Exilada no deserto, alimenta seu desejo de vingança. De sua ira nasce Kwane, que trava uma briga com seu irmão Djimba. O espetáculo é inspirado numa lenda ancestral e mostra uma África profunda, num tempo de reis, rainhas, guerreiros. Mistura tragédia grega e epopeia africana com as tradições religiosas e musicais afro-brasileiras, como a congada e o candomblé. Espetáculo interpretado por um elenco de atores negros, selecionados dentre 200 inscritos. Salina foi escrita por Laurent Gaudé, escritor e dramaturgo francês que tem sua obra publicada no mundo todo. Já recebeu premiações como o Prêmio Gouncourt des Lycéens, o Prêmio do Romance Populista e o Prêmio Gouncourt, o mais importante da literatura na França.

RICARDO III - Gustavo Gasparani - RJ
Encenada pela primeira vez entre 1592 e 1593, a ação se passa no final da Guerra das Rosas, conflito sucessório pelo trono da Inglaterra que coloca em choque político a Casa Real de York e a Casa Real de Lancaster. Ricardo, Duque de Gloucester - que de fato governou a Inglaterra de 1483 a 1485 -, não sente remorso algum ao eliminar seus adversários, tramando complôs, traindo familiares e casando-se por interesse com o único fim de chegar ao trono. Shakespeare retratou Ricardo III exagerando as características físicas de feiura da personagem e sua maldade pessoal, criando um vilão fascinante aos olhos do público. Com diálogos bastante atuais, Ricardo III discute a luta por poder, intrigas e a hipocrisia da política. Na encenação, um só ator interpreta todos os personagens.

ISSO TE INTERESSA? - companhia brasileira de teatro - PR
Adaptação do texto ;Bon, Saint Cloud;, da dramaturga francesa No;lle Renaude, o espetáculo foi fartamente premiado - Prêmio Bravo! Bradesco Prime de Cultura e Prêmio APCA/SP, como melhor espetáculo de 2012, e dois prêmios Questão de Crítica (para o ator Ranieri Gonzalez e melhor diretor para Márcio Abreu). Uma pequena epopeia familiar, com acontecimentos banais que envolvem quatro gerações de uma mesma família. A vida cotidiana desses personagens surge como ponto de partida para uma reflexão sobre o tempo. No jogo teatro sobre a relação entre pai, mãe, filho, filha, netos e cachorros são discutidos temas como o amor, relações humanas, vida, morte etc.

FOTOHAMLET - PROCESSO E REVELAÇÃO - Coletivo Irmãos Guimarães - RJ/DF
A exemplo da parceria que gerou o celebrado espetáculo ;nada;, de 2012, o Coletivo Irmãos Guimarães (DF) se junta novamente a Emanuel Aragão, da Cia das Inutilezas (RJ) para uma imersão ao maior texto produzido pela dramaturgia ocidental, ;Hamlet;, de William Shakespeare. Em cena, um único ator tentar reconstruir a narrativa do texto shakespeariano em diálogo direto com a plateia, utilizando recursos da ;performance art;.

JACY - Grupo Teatro Carmin - RN
Uma frasqueira encontrada no lixo contendo vestígios da vida de uma mulher de 90 anos. A partir deste fato real, investigado pela companhia durante três anos, nasceu o espetáculo ;Jacy;, em 2013. No palco, a vida de uma mulher comum, que atravessou a Segunda Guerra Mundial e a ditadura no Brasil, teve um amor no exterior e acabou os dias vivendo sozinha em Natal. A adaptação reúne textos dos filósofos Pablo Capistrano e Iracema Macedo e trata temas como o abandono de idosos, o crescimento desenfreado das grandes cidades brasileiras e política.

QUARTETO - Teatro NU - BA
Sobre texto de Heiner Müller, inspirado no romance ;As Ligações Perigosas;, de Chordelos de Laclos, o espetáculo coloca dois atores em cena, revezando-se no papel dos quatro personagens centrais da trama: Valmont, Meteuil, Volange e Tourveil. A história é feita de jogos de sedução, vinganças, destruições e prazeres. Merteuil e Valmont são nobres franceses que levam a vida entre jogos e conquistas amorosas. Volange é sobrinha de Merteuil e, para evitar que Valmont conquiste Tourveil, antigo desafeto de Merteuil, oferece a ele sua sobrinha virtem. Esse intenso jogo de sedução enreda cada um e termina por destruir todos os integrantes do quarteto.

GIBI - Grupo Lamira/TO
Espetáculo infantil baseado no universo dos palhaços e na atmosfera das histórias em quadrinhos tocantinenses. Narra as aventuras de dois palhaços adormecidos que vão descobrindo, no mundo das HQs, a magia e o tem para suas diversões. O trabalho une as linguagens do circo, da dança, dos jogos infantis e da música erudita.

O espetáculo Punaré & Baraúna deve ser uma das sensações locais do Cena

ESPETÁCULOS DO DISTRITO FEDERAL

DESBUNDE - JULIANA DRUMOND
Show cênico-musical que homenageia o "desbunde" dos anos 1970 e 80 no Brasil. O espetáculo é inspirado no movimento que contestou a ditadura militar por meio do escracho aos costumes. Tudo gira em torno da fictícia boate Desbunde, frequentada pelos artistas, a ;grande dama; Claudia Valeria, Savana Sargentelli, Marquesa, Petit du Buá e Saquarema Satanás, que enfrentaram a ditadura militar com escárnio, cabelos no peito, muitos balangandãs, maquiagem e purpurina.

IARA - O ENCANTO DAS ÁGUAS - CIA. LUMIATO

Espetáculo de teatro de sombras inspirado na lenda e no mito da sereia brasileira, Iara. A montagem busca sensibilizar o público infanto-juvenil para os saberes da tradição oral dos povos originários do Brasil. Um índio da aldeia sonha com uma mulher sobrenatural. Ao acordar, procura o sábio pajé para tentar entender quais são os mistérios dessa mulher, descobrindo, assim, a história da Iara. No encantamento da sereia brasileira, o protagonista mergulha com ela nas profundezas do seu próprio destino.

PUNARÉ E BARAÚNA - AGRUPAÇÃO TEATRAL AMACACA (ATA)
Seguindo o curso de sua pesquisa, a Agrupação Teatral Amacaca se inspirou no livro "Cansaço - A longa Estação", do autor paulista Luiz Bernardo Pericás, para a construção de seu novo espetáculo. Vinda das poéticas urbanas de "Ensaio Geral" (seu primeiro espetáculo), a ATA experimentou o imaginário dos sertões brasileiros para encontrar o tempo e o espaço das histórias de Punaré e Baraúna, filhos da escassez e do isolamento do sertão que o livro de Pericás remonta. Do desejo pela encantadora Cicica cantam-se duas histórias sobre um mesmo entrevero. Sim, cantam-se! Onze músicas originais conduzem um enredo de 80 minutos. Assim, surge à percepção dos espectadores um espetáculo dinâmico, pautado na musicalidade dos corpos que ali compõem sua própria poética sertaneja, seus dramas e conflitos interpretados por Hugo Rodas e sua agrupação.

QUANDO O CORAÇÃO TRANSBORDA - MAÍRA OLIVEIRA
Quando o coração transborda é resultado de um processo de questionamentos iniciado em 2012, quando a atriz Maíra Oliveira começou a lançar um novo olhar sobre o trabalho da Trupe Esquadrão da Vida, criada por seu pai, Ary Pára-Raios, 36 atrás. Foi repassando a história de sua relação com a arte, com o teatro e com seu pai e mestre, que nasceu o roteiro da peça. Na montagem, questões que envolvem a labuta diária do fazer teatral são expostas através das relações de atriz e mestre e de pai e filha, abrilhantando o olhar sobre o teatro e sua importância, bem como contribuindo para a discussão sobre o próprio fazer artístico e sua relevância para o momento atual. O trabalho partiu da investigação de textos, memórias, cartas, músicas, poemas e imagens que fazem parte da trajetória do Esquadrão da Vida, da atriz e de seu pai.

UMA HISTÓRIA SIMPLES - TRAPUSTEROS TEATRO
A peça é apresentada com bonecos de luva, em um cenário-biombo que, ao ser movido, compõe os diferentes espaços cênicos. A peça se passa em uma pequena aldeia localizada nos Pirineus aragoneses, aonde vivem Antônio e Rosário, casal de agricultores que passam por dificuldades devido à seca que desola a região. Os dissabores dos dois protagonistas são agravados pela ganância de três personagens: Mariano, um padre sem escrúpulos; Siremón, um adivinho charlatão; e Sofia, irmã viúva de Rosário, trio de usurpadores que querem roubar as terras do casal, porque ouvem dizer que nelas há ouro negro.

VINIL DE ASFALTO - EDSON BESERRA E SEU COMPOSTO DE IDEIAS
Vinil de Asfalto parte de uma pesquisa continuada sobre Brasília, que começou em 2012, dois anos após o retorno do coreógrafo Edson Beserra a sua cidade natal. Em função de seu Plano Piloto, Brasília se ergueu sobre uma estrutura geográfica rara, arquitetura e planejamento urbano extremamente singulares. Uma cidade que causa espanto a todo visitante, em que a brisa e o vento forte se confundem, onde o silêncio se revelou uma potência criativa. Todo o processo de construção de Vinil de Asfalto foi orientado por este silêncio, e em cena, Lavínia Bizzotto, Marcos Buiati, André Liberato e Edson Beserra se revezam numa orquestração regida pela escuta, pela memória e pela sutileza do encontro. O espetáculo é uma metáfora sobre estes trajetos, linhas, curvas, em que o movimento acontece, desenhando a musicalidade cotidiana de corpos em transição, onde esta cidade se move, onde os corpos passeiam e seus rastros são deixados, para serem ocupados por novos corpos.

NÓ NA GARGANTA - ESTUPENDA TRUPE
Com direção de Tiago Nery, o espetáculo tem como tema principal o bullying, com enfoque na violência física e verbal vivenciadas no âmbito escolar. Apesar de serem muitas vezes consideradas brincadeiras de criança, essas agressões deixam sequelas graves em quem é o alvo. O mais profundo reconhecimento disso se deu a partir da coleta de depoimentos reais, feita pelos artistas durante o processo de construção do espetáculo. A montagem questiona questões muitas vezes veladas, de pessoas que sofrem violência física ou moral repetidas vezes, em determinados núcleos sociais que excluem o diferente e as minorias.

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