Diversão e Arte

Festa Literária de Paraty começa nesta quarta

Lançamentos de autores convidados para o evento estão disponíveis nas prateleiras: os temas variam de São Paulo à África

Nahima Maciel
postado em 30/06/2015 07:30
Colm Tóibín fala do luto em Nora Webster
Boa parte dos livros que serão temas de mesas da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), na próxima semana, já estão disponíveis nas livrarias. Quem quiser acompanhar os debates com mais intimidade pode mergulhar nos escritos de alguns dos autores convidados para a festa. A variedade de temas tratados é grande e há desde ensaios até as mais bem-humoradas ficções. O argentino Diego Vecchio fala de doenças com um humor ímpar, o paulistano Roberto Pompeu de Toledo esquadrinha a transformação de São Paulo de cidade provinciana em metrópole, e Colm Tóibin reflete sobre como seguir adiante após a morte de um companheiro de vida inteira.

Diego Vecchio começou a escrever Micróbios depois de ler, casualmente, Da saúde dos homens de letras, de August Tissot. Embalado pelo tratado do médico que analisava as enfermidades dos escritores, o argentino produziu um pequeno compêndio de histórias hilárias sobre personagens acometidos das mais bizarras mazelas. A moça do pulmão furado, a senhora que usava narrativas para curar as crianças, a menina que se alimentava das palavras do papel de bala são alguns dos protagonistas dos contos de Vecchio, que tem o nonsense como elemento de costura entre os textos. ;Como bom calvinista, Tissot considerava que as letras eram tão nefastas para a saúde quanto a masturbação. Claro que essa teoria era totalmente errada. Mas, às vezes, é possível imaginar uma ficção literária a partir de uma teoria científica falsa. O que a ciência destina ao lixo, a literatura recicla. E foi o que aconteceu. Ao ler o tratado de Tissot, me ocorreu compor uma espécie de compêndio imaginário de enfermidades padecidas pelos homens das letras;, conta o autor.

Em A capital da vertigem, Roberto Pompeu de Toledo narra como São Paulo deixou de ser a cidade provinciana rodeada de fazendas nos anos 1940 e se tornou uma cidade cheia de arranha-ceus e carros a partir dos anos 1960. Para contar essa história, o autor se deixa levar pela mão de três personagens chaves: Antonio Prado, prefeito de São Paulo na virada do século 19 para o 20, Mario de Andrade, fundador da literatura moderna, e Ciccillo Matarazzo, patrono que fez da capital paulista uma referência nas artes. ;Acho que são três personagens emblemáticos, cada um na sua;, explica Toledo.

A capital da vertigem é um livro improvável. Quando publicou A capital da solidão, há 11 anos, o escritor e colunista da Veja jurou que nunca mais escreveria um livro de história sobre a capital paulista. No primeiro livro, a cidade era uma vila provinciana anos distante da metrópole que se tornaria. Historiador acidental, Toledo nunca havia pensado em escrever sobre São Paulo até receber um convite da editora para fazer o primeiro livro. ;Depois de ter escrito o primeiro volume, jurei que não voltaria ao assunto, espalhei para quem me perguntasse que jamais continuaria essa história, jurei de novo ; até que, tchibum, mergulhei nele de novo de cabeça e comecei este novo livro, em 2011;, conta. ;São Paulo se impôs, primeiro, porque sou daqui; segundo, porque sendo daqui tenho mais familiaridade com ela do que com outras cidades; e terceiro, porque quando você começa a pesquisar um assunto apaixona-se por ele.; Na Flip, Toledo foi convidado para participar da mesa São Paulo! Comoção de minha vida..., ao lado de Carlos Augusto Calil. A dupla deve falar sobre a cidade pela qual Mario de Andrade, homenageado da festa, costumava circular.
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