Diversão e Arte

Poeta, jornalista e escritor, Francisco Bosco bate papo com o Correio

Filho do cantor e compositor João Bosco falou sobre as redes sociais e do desafio de comandar a Funarte

José Carlos Vieira
postado em 12/07/2015 07:30

Poeta, jornalista, filósofo, escritor... Francisco Bosco joga (e bem) em muitas posições, mas não é daqueles que prendem a bola, parte sempre para o ataque e sempre com estilo e classe de um Tostão, de um Gerson. Nesta entrevista por e-mail, o filho famoso do cantor e compositor João Bosco conversa com o Correio sobre a contemporaneidade, as redes sociais (;considero o Facebook possivelmente o maior espaço público que o país já teve;) e também o desafio de comandar uma histórica instituição que é a Funarte. E o principal: ele defende um olhar moderno no trato com a cultura, sempre relegada ao segundo plano em sociedades que priorizam o dinheiro, o lucro.


Como pode ser definida, para o brasileiro, esta primeira década
e meia do século 21? Em que avançamos e em que retrocedemos?

A primeira década, que é a do governo Lula, foi sem dúvida de avanços, na perspectiva de quem defende uma sociedade mais igualitária. Nos últimos anos, porém, as forças reacionárias da sociedade se mobilizaram, aproveitando-se do enfraquecimento do lulismo (de que as revoltas de junho foram um marco), e vêm conquistando terreno, sobretudo por meio da atuação dos presidentes da Câmara e do Senado. O governo federal procurou, nesse começo de segundo mandato de Dilma, retornar aos fundamentos políticos do lulismo, mas já não dispõe da base de crescimento econômico que o sustentava. A esquerda é consciente dos limites do lulismo, mas a conjuntura geral desencoraja enfrentamentos frontais. No momento, não se vislumbram saídas para esse impasse.

Nos últimos anos, ocorreu um fato estranho em nossa sociedade: o distanciamento da cultura com a educação. O exercício cultural, cada vez mais, vem sumindo do cotidiano dos alunos. Isso impacta drasticamente na redução de público em salas de teatro, galerias, livrarias... O que pode ser feito para reaproximar esses dois braços da sociedade? Qual o papel da Funarte nesse processo?
Não estou certo desse diagnóstico, mas, seja como for, o MinC e a Funarte estão pensando, por meio da Sefac (Secretaria de Educação e Formação Artística e Cultural) e no âmbito da Política Nacional das Artes, o lugar das artes no currículo do ensino fundamental, entre outras questões relativas à formação. É importante também saber pensar e identificar cultura e arte para além das linguagens e espaços tradicionais (teatro, museus etc.). Nesse sentido, uma reflexão sobre o ambiente digital é incontornável. Os jovens hoje consomem e produzem muita arte no meio digital.

Os aparelhos da Funarte estão sucateados? Ela não precisa ser refundada?
Em geral, os equipamentos culturais da Funarte (são 20, entre Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Recife) estão em ótimo estado e com funcionamento regular (parte do ano tem programação via edital, parte a tem por cessão). O problema é que quanto maior nossa área meio, menos sobra para as ações finalísticas. Traduzindo: quanto mais equipamentos temos, menos recursos restam para realizarmos programações neles. A Funarte não precisa ser refundada, mas reestruturada: precisa qualificar cada vez mais seus quadros e precisa ter mais servidores, a fim de atender ao conjunto de suas atribuições, em escala nacional.

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