Diversão e Arte

Ator Darlan Cunha revela que pensava que 'Cidade de Deus' não ia estourar

O ator, conhecido pelo personagem Laranjinha, conta como driblou as dificuldades do sucesso precoce e se refugiou nos palcos

Igor Silveira
postado em 14/07/2015 07:34

Darlan diz que o teatro o livrou de ser um marginal

Aos 26 anos, Darlan Cunha mantém praticamente a mesma fisionomia da criança responsável por uma das cenas mais violentas e impressionantes do cinema: para entrar no bando de Zé Pequeno, protagonista do filme Cidade de Deus, ele foi obrigado pelo bandido a atirar em uma criança de uma gangue rival. Depois disso, o ator carioca brilhou em filmes, novelas e, especialmente, no seriado Cidade dos homens, como Laranjinha. Crescer em meio a todo esse turbilhão e com uma família desestruturada, prejudicou a carreira do artista. Em entrevista ao Correio, ele fala de como enfrentou os problemas e voltou para os holofotes.

Infância no teatro
Eu era um moleque hiperativo. Com 7 anos, presenciei problemas dos meus pais. Ele era viciado em cocaína e se separou da minha mãe. Aos 9 anos, uma vizinha resolveu me levar para uma aula de teatro, eu até questionei, mas ela falou que eu gostaria. Era totalmente diferente do que eu vivia, do meu cotidiano de ir para escola e depois ir para casa e ficar sem nada para fazer. Passei a ter uma responsabilidade que crianças da minha idade não tinham. Tinha hora de ensaio, decorar texto. Logo depois, tive a oportunidade de fazer a oficina de Cidade de Deus, e eu nem estava interessado. Fiz uma entrevista e passei. Eu faltei às três primeiras aulas, até um amigo me convencer a fazer as aulas. Fui e me amarrei na galera, que eram só meninos da minha idade, que nunca haviam atuado.

Cidade de Deus
A gente se olhava e falava: ;Aqui só tem preto e nenhum é famoso, você acha que a gente vai fazer um filme que vai estourar? Isso vai ser um curta;. A gente mesmo não tinha noção da dimensão do que estávamos fazendo. O Matheus (Nachtergaele), que tinha um pouco mais de conhecimento de mídia, tinha medo da gente, porque nós criamos uma espécie de gangue, era todo mundo junto, a gente se zoava, brincava e acabou que todo mundo confundia personagem com vida real, a gente brincava muito o dia inteiro com a história do Cidade de Deus.

Relação no set
Com essa nossa união, a gente acabava expulsando pessoas com mais dinheiro que vinham de fora, funcionava como uma proteção nossa. Até porque era todo mundo cria de favela, todo mundo pobre. Ninguém tinha a menor esperança de que aquilo fosse dar certo. Então, a gente aceitava o (diretor) Fernando Meirelles porque ele, desde o início, estava no projeto.

Televisão
[SAIBAMAIS]A primeira vez que eu apareci na televisão foi antes de Cidade de Deus, com o Pallace 2. A Globo Filmes questionou o Fernando se o filme faria sucesso mesmo, ela disse que precisava de uma prova. A gente fez o Pallace 2, que foi a primeira vez com Laranjinha e Acerola. Eu queria mais mostrar para as pessoas que apareci na televisão do que mostrar que meu teatro estava dando resultado. No Cidade de Deus, eu já tinha essa questão de: ;Sou ator, estou fazendo um filme;.

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