Cidades e seus povos são temas atraentes para fotógrafos de forma geral. Da arquitetura à ocupação humana, os espaços nos quais os homens se organizam para viverem costumam ser campos férteis de imagens visuais e são os temas de duas exposições em cartaz a partir de hoje em Brasília. A capital e seus ângulos são o alvo das lentes de Vicente de Mello, que mostra ensaio em Rolleiflex no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Para Isabela Lyrio e Arthur Monteiro, é a China que atrai os olhares e dá vida a um mapeamento singular. Uma viagem de seis meses ao país rendeu livro e exposição em cartaz no Museu Nacional de República.
Brasília utopia lírica nasceu de um convite da produtora Daiana Castilho. Encantada com a história da capital, ela pediu ao fotógrafo Vicente de Mello que registrasse a cidade. Estudioso da fotografia e entusiasta dos fotoclubes da década de 1950, Mello decidiu fazer um ensaio inspirado em nomes como Marcel Gautherot, Thomas Fartkas e Peter Sheier, que fotografaram Brasília nas décadas de 1960 e 1970. Muitas daquelas imagens eram feitas com a câmera Rolleiflex, na qual o formato quadrado é uma das particularidades. Mello passou sete dias na capital e registrou tudo em preto branco com uma Rolleiflex dos anos 1950.
Autor de uma série conhecida como Intergalática, na qual fotografa luminárias de tão perto que parecem paisagens planetares, o fotógrafo decidiu encontrar em Brasília ângulos inusitados que causassem estranhamento ao público. "Não queria fazer um registro do tempo porque não sou um antropólogo fotográfico, mas pensei em pegar um viés estranho que criasse uma visão ao contrário", conta. Mello esteve em Brasília pela primeira vez em 1979. Tinha 12 anos e guarda na lembrança, além dos passeios, as imagens de cartões postais que os pais costumavam receber.
Foram essas lembranças que procurou durante a realização de Brasília utopia lírica. "Em cada ângulo, fui procurando o que conhecia da cidade na minha cabeça, porque Brasília é muito fotografada e a fotografia foi a grande divulgadora da cidade. Eu queria fazer uma foto antiturística, atemporal, não queria delimitar a imagem no tempo;, explica o fotógrafo. ;O que eu queria é que daqui a 50 anos fosse possível fazer o que fiz."
Brasília Utopia Lírica
Fotografias de Vicente de Mello. Visitação até 7 de setembro, de quarta a segunda, das 9h às 21h, no Centro Cultura Banco do Brasil (CCBB - SCES Trecho 2)
O império do meio
Fotografias de Isabella Lyrio e Arthur Monteiro. Visitação até 15 de agosto, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República.
O império do meio
De Isabela Lyrio e Arhur Monteiro. Estereográfica, 130 páginas. R$ 30. Pode ser comprado pelo site4 www.ludicaluz.com
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