O brasiliense Alexandre Dias percebeu que dedicar-se apenas ao ofício de pianista ; e o ;apenas;, no caso do piano, já é um esforço tremendo ; não era o suficiente diante de tantas ambições que tinha em relação ao instrumento. Apreciador da escola clássica de compositores brasileiros, aqueles que deram vida a gêneros como o choro e a valsa brasileira, entre outros estilos, Dias passou a escavar a obra e a vida de nomes pioneiros essenciais, como Chiquinha Gonzaga, Zequinha de Abreu e Ernesto Nazareth. E também de outros igualmente importantes, mas menos conhecidos, como Marcello Tupynambá, Henrique Alves de Mesquita e Eduardo Souto. Todos esses artistas tiveram as trajetórias transportadas para portais criados por Alexandre Dias.
A ambição do pesquisador levou-o a uma empreitada ainda mais árdua. Ele lança, no começo de agosto, o site Instituto Piano Brasileiro (www.institutopianobrasileiro.com.br), em parceria com o programador Henrique Palazzo e o ilustrador Hermé Antune. ;Percebi que era hora de criar um grande portal na internet em que pudesse reunir essas pesquisas e outras tantas que estão por vir;, diz Alexandre. ;O portal funcionará como um centro de estudos, que reunirá vasta informação sobre a memória pianística brasileira;.
O Brasil produziu alguns dos pianistas mais importantes do mundo, como Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Nelson Freire e Cristian Budu. Entretanto, tal musicografia nunca esteve reunida em um único lugar, e ainda acessível ao grande público. ;Se uma pessoa quiser conhecer o catálogo de obras de Carlos Gomes para piano, a discografia detalhada de Nelson Freire ou o nome dos ganhadores do 1; Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro em 1957, terá dificuldade em encontrar essas informações;, explica Alexandre. Mantido por financiamento coletivo, o Instituto Piano Brasileiro (IPB) será, inicialmente, todo virtual, e contará com uma crescente base de informações para todos aqueles interessados no piano brasileiro.
Partituras
O site trará uma seção dedicada inteiramente a partituras. Segundo Dias, esta é uma das propostas mais ambiciosas do projeto. ;Será a primeira tentativa de catalogar todas as partituras publicadas no Brasil, listadas por editora e número de chapa. Este tipo de informação faz muita falta para os pesquisadores de música brasileira. O Brasil teve um dos mercados editorais de partituras mais importantes do mundo, porém ainda não sabemos com precisão o que foi publicado por cada editora, desde o século 19. Os números de chapa, colocados em ordem, permitirão que sejam datadas muitas peças cuja data ainda é desconhecida;, comenta ele.
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