Diversão e Arte

Na década de 1980, punk rock teve forte cunho político em Washington

Movimento musical teve grande influência na construção da cena cultural da capital americana no período

Rebeca Oliveira
postado em 22/07/2015 07:30

Em livro, Mark Andersen conta sobre a relação entre o punk e as ideias dos educadores Paulo Freire
Em 20 de janeiro de 1981, Ronald Reagan se tornou o 40; presidente dos Estados Unidos, assumindo o posto deixado por Jimmy Carter. Dois meses e 10 dias depois, sobreviveu a uma tentativa de assassinato após ser baleado num hotel em Washington. Na mesma década, foi registrado o primeiro domínio da internet e a Guerra Fria entrou em declínio. No meio desse instável momento político, surgiu um movimento musical a favor dos oprimidos, dos excluídos e daqueles que sempre foram marginalizados pela sociedade: o punk rock.

Muito se fala sobre a cena de Nova York ; com seu icônico CBGB, considerado o berço do punk americano ; e a do Reino Unido, de onde despontaram nomes como o The Clash. No entanto, no centro do poder americano, de onde Reagan tomava decisões que reconfiguravam a política externa americana, uma importante comunidade punk mudou a forma como o gênero se apresentava. Bandas como o Bad Brains, formada exclusivamente por integrantes negros e encabeçada pelo feroz vocalista HR, derrubaram estereótipos e jogaram preconceitos ladeira abaixo.

[SAIBAMAIS]Na mesma leva, apareceu o grupo Bikini Kill, liderado por uma vocalista igualmente contestadora: Kathleen Hanna, mudando de forma definitiva o estigma de que o rock não era um lugar para garotas. O escritor e roqueiro americano Mark Andersen vivenciou essa fase de perto e, como quem tem em mãos uma lente de aumento, esmiuçou detalhes do período no livro Dance of days ; Duas décadas de punk na capital dos EUA, que acaba de ganhar uma versão brasileira.

;Nova York e Califórnia têm cenas muito importantes, especialmente no início do movimento punk, no fim da década de 1970. No entanto, Washington foi de longe a cena punk mais importante do início dos anos 1980 até pelo menos meados dos anos 1990, um lugar onde música, ideias e política foram mescladas de forma inédita e poderosa;, comentou, em entrevista exclusiva ao Correio. Leia a entrevista completa aqui.

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Curiosamente, parte da filosofia do movimento que ganhou força em Washington foi influenciada por um brasileiro: o educador e filósofo Paulo Freire. ;Lavar as mãos no conflito entre poderosos e despossuídos não significa ser neutro, mas colocar-se do lado dos poderosos;. A frase ficou, durante décadas, estampada em um cartaz pendurado na porta de entrada da Positive Force House, casa onde funcionava um coletivo de artistas homônimo do qual Andersen fez parte.


Dance of Days ; Duas décadas de punk na capital dos EUA

De Mark Andersen e Mark Jenkins. Tradução de Ana Carolina Odinique e Marcelo Viegas. Edições Ideal, 520 páginas. Preço médio: R$ 47,90.


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