O crescimento da internet possibilitou que a sociedade conquistasse um novo espaço, em que cada um pode se expressar e disseminar informação. Essa liberdade fez com que movimentos relacionados a diferentes causas, inclusive a negra, conseguissem derrubar algumas barreiras impostas pelo preconceito e garantir visibilidade em seu discurso.
;Nas antigas plataformas era inadmissível que a comunidade negra tivesse visibilidade. A internet veio para quebrar isso e não só para o movimento negro, mas para todos os outros. Ela tem um valor fundamental de revelação. Quando você cria um blog, você se posiciona;, comenta Dom Filó, produtor, videomaker e criador do Cultne, maior acervo digital de cultura negra do país.
Dom Filó estará hoje ao lado da atriz, produtora e roteirista Kênia Maria, da artista plástica e cineasta Everlane Moares e do músico e fundador da Casa de Cultura Tainã, Mestre TC, na mesa de debate A internet como território negro: afroimaginários, diálogos e resistência, marcada para as 10h no Cine Brasília (106/107 Sul). A discussão faz parte da programação do Festival Latinidades ; Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha ;, que começou ontem e segue até 26 de julho na capital (confira a programação completa no quadro ao lado).
[SAIBAMAIS]O quarteto discutirá na mesa o poder da internet tanto como um território positivo para o movimento negro quanto um espaço de disseminação de pensamentos racistas. ;Temos a internet hoje como uma chamada ;antena negra;. A partir dessa antena, temos condições de falar sobre nós mesmos e mostrar o nosso olhar. Quero apresentar na palestra todo esse desdobramento, que faço no Cultne, com documentários e um acervo de conteúdo que passa pela questão da cultura da educação até a violência policial;, completa.
Kênia Maria é criadora do canal no YouTube Tá bom pra você?, em que atua ao lado do marido, o ator Érico Brás (Tapas & beijos). No projeto, o casal questiona a ausência do negro na indústria audiovisual e, principalmente, na publicidade. Um dos vídeos mais famosos faz uma crítica à falta de famílias negras nos comerciais de margarina. ;Pretendo focar minha fala no pensamento da ausência de representação. É como se os negros não comessem margarina, não escovassem os dentes, as mulheres negras não usassem absorvente... Encaro o trabalho do canal como um ato político;, explica.
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Sobre a internet, a carioca vê a plataforma como um território que exerce um papel importantíssimo, apesar de ainda não ter atingido o espaço ideal. ;Por falta de organização e mobilização, a gente perde muita coisa. A internet vem para tirar a cortina dos olhos, mas acho que ainda não alcançou tudo que poderia;, lamenta.
Confira a programação completa
Festival Latinidades
Até 26 de julho, no Cine Brasília (EQS 106/107 ; Asa Sul). Com debates, exibições de filmes, shows, oficinas e festas. Inscrições para as mesas em www.afrolatinas.com.br. Entrada franca. Transporte: Bicicletário, linha de ônibus gratuita da Rodoviária do Plano Piloto para o local e estacionamento no Colégio La Salle (906 Sul), com serviço de van.
Hoje
10h ; Mesa A internet como território negro: afroimaginários, diálogos e resistência. Com Kênia Maria, Dom Filó, Everlane Moraes, Mestre TC e mediação de Juliana Nunes.
14h ; Sessão de curtas com exibição de Kbela (Yasmin Thayná), Mulheres de barro (Edileuza Penha de Souza), Personal vivator (Sabrina Fidalgo) e Caixa d;água ; Qui-lombo é esse? (Everlane Moares).
15h ; Mesa A representação das mulheres negras no cinema. Com Ceiça Ferreira, Juliana Vicente, Janaína Damaceno, Viviane Ferreira e mediação de Flora Egécia.
17h ; Mesa Encontros mostras e festivais: difusão da produção cinematográfica/audiovisual negra e africana. Com Sabrina Fidalgo, Esperanza Bioho Perea Martinez, Pascale Obolo e mediação de Janaína Oliveira.
18h30 ; Orquestra de berimbau.
19h ; Exibição do filme Nos bastidores da fama, de Fina Prince.
21h30 ; Show da cantora inglesa Folakemi Quinteto.
Amanhã
10h ; Mesa Narrativas de mulheres negras. Com Stephanie Ribeiro, Keila Serruya, Kiusam Oliveira, Rubia Rafaiya Esquerdo e mediação de Adélia Mathias.
14h ; Sessão de curtas com exibição de As minas do rap (Juliana Vicente), Cinzas, o filme (Larissa Fulana de Tal) e Somos Krudas Cubensi.
15h ; Mesa Estéticas da periferia. Com Goli Guerreiro, Vilma Neres, Rico Dalasam, Jeferson De e mediação de Ana Flávia Magalhães Pinto.
17h ; Mesa Rotas e roteiros: produção audiovisual e literatura. Com Teresa Cárdenas, Fernanda Felisberto, Yasmin Thayná, Eliane Gonçalves e mediação de Conceição Evaristo.
19h ; Exibição do filme I love kuduro, de Mário Patrocínio.
19h30 ; Show com Slam das Minas e Tássia Reis.
Sábado
10h ; Reunião da Marcha das Mulheres Negras, Campanha de doação de lixo eletrônico e Oficina de horta orgânica em pequenos espaços.
12h ; Afro sambas com Nanãn Matos.
14h ; Espaço literário com lançamentos dos livros Todas (as) distâncias, de Beatriz Nascimento; O mar que banha a Ilha de Goré, Kiusam Oliveira; Utopias de nós desenhadas a sós, de Ana Luiza Pinheiro Flauzina; Estamos aqui ; Histórias das vítimas de conflito no leste africano, de Jéssica Paula; e Cachorro velho, de Teresa Cárdenas.
15h ; Exibição do filme Pelo malo, de Mariana Rondón.
17h ; Exibição do filme Rainha Njinga, de Sérgio Graciano.
18h30 ; Desfile infantil Lulu e Lili.
19h ; Exibição do filme Libertem Angela Davis, de Shola Lynch.
19h ; DJ Chocolaty e o Baile do Charme
22h ; Festa Latinidades na Ilha do Parque, no Parque da Cidade. Com Karol Conká, Negras Sonoras (Donna, Tammy e Simmone), GOG, A, Rico Dalasam, Batidão Sonoro e Dançarinas Semba Kuduro. Ingressos a R$ 20. Pontos de vendas: Bar Raízes (408 Norte), Kingdom Black (Conic) e Koni Store.
Domingo
15h ; Oficina Chica Contemporânea e exibição do filme Jogo de corpo ; Capoeira e ancestralidade, de Mestre Cobra.
17h ; Oficina de danças afrobrasileiras com Renata Lima.
18h ; Show com Filhos de Dona Maria e Tereza Lopes.
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