Diversão e Arte

Proibidão provoca polêmica ao abordar temas do sexo, drogas e violência

A vertente do funk carioca não economiza nos palavrões e gírias

Renata Rios
postado em 23/07/2015 07:43

A cantoraValesca Popozuda defende a liberdade de expressão no funk

Sexo, drogas e violência, esses são os temas principais do funks proibidões. O estilo não economiza nos palavrões e gírias, afinal, esta é a forma que a maioria dos artistas tem de se expressar. Outra característica do estilo é o chamado ;papo reto;, que sem rodeios, retrata a realidade, muitas vezes desagradável para quem escuta. Mas para o professor da Universidade de Brasília e doutor em sociologia Breitner Luiz Tavares, o funk é a cara do Brasil. ;Claro que os outros estilos são importantes, mas o funk, do ponto de vista musical, é genuíno. Ele é algo muito especial e muito particular como ritmo e é totalmente brasileiro;, comenta Tavares.

[SAIBAMAIS]Sobre os temas escolhidos nos proibidões, o professor argumenta: ;Não é o funk quem produz a violência, ele é apenas quem relata a situação a que esses jovens artistas estão expostos;.

Crianças no Funk
Recentemente, o funk foi alvo de mais uma polêmica, Os Mcs Mirins, como foram apelidados, viraram alvo de uma investigação do Ministério Público, em razão do conteúdo, considerado inapropriado para suas idades. Nomes como o da MC Melody, de 8 anos, e o dos Mcs Brinquedo, Pikachu e Pedrinho foram citados. Tanto Valesca, quanto Tavares concordam em um ponto:;Não dá para simplesmente emitir opinião sem sabermos qual é a trajetória de vida, quais os anseios, desejos, necessidades;, comenta a cantora. O sociólogo complementa, ;É claro que temos que ver o contexto, naturalmente determinados tipos de exposição podem prejudicá-los, mas, muitas vezes, a maldade vai muito de quem escuta. Ele pode estar falando de sexo sem nem ter maturidade física e mental para entender aquilo;, conclui.


Três perguntas para Valesca Popozuda
Como você vê o funk proibidão?

Acredito que música é vida, é liberdade. O funk proibido é uma maneira que alguns compositores e MCs têm para se expressar. É como ter voz num país com tantas diferenças, desigualdades. O Brasil são vários países num só, e o proibidão é a realidade de uma massa que quer ser ouvida.

As músicas do proibidão normalmente abordam sexo, drogas e violência, isso é um retrato social da situação que esses compositores vivem?

Em alguns casos, vemos que sim. Todo processo criativo de uma música é algo que o compositor viu ou viveu. É uma forma de mostrar o que eles enxergam na sociedade naquele momento, E, muitas vezes, são assuntos que assustam e chocam a sociedade, por serem de realidades tão distantes.

Como é sua visão sobre as crianças cantando funk, como é o caso do Mc Brinquedo, com a música Roça, roça?
O que vejo é que a cada dia as coisas estão acontecendo de maneira mais precoce. Não critico os pais que permitem que os filhos comecem a trabalhar cedo, independentemente da profissão. Eu mesma comecei, a minha mãe também. É algo que, quando necessário, não tem como fugir. Sobre o MC Brinquedo ou qualquer outra criança e adolescente que cante músicas com duplo sentido, é um assunto polêmico e envolve muitos fatores. Não dá para simplesmente emitir opinião sem sabermos qual é a trajetória de vida, quais os anseios, desejos, necessidades.

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