Ricardo Daehn
postado em 27/07/2015 07:34
A sala de cinema ainda possui uma tela nobre, na opinião do diretor brasiliense José Eduardo Belmonte. Mesmo com o crescente interesse pelo streaming, o diretor não endossa a versão da ;morte; da sala de cinema, de ver o espaço como algo ultrapassado. ;Não dá pra se idealizar o mercado, que certamente mudou. Mas fazer questão de ocupar a tela grande não configura romantismo. Até no âmbito das negociações de um filme para o streaming, conta demais o fato de ele ser exibido previamente nos cinemas;, explica. A visibilidade de ser apresentado nas telas de cinema permite maior trânsito para um filme, quando migra para outras plataformas (DVD e internet), reforça o diretor dos consagrados Alemão e Se nada mais der certo.
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[SAIBAMAIS]A questão da validade de um filme é bem pertinente, quando Belmonte lança, quase três anos depois de apresentar com sucesso no Festival do Rio, o longa-metragem O gorila (a partir de quinta-feira). À primeira vista, embrutecido no papel do protagonista, um decadente ex-dublador de televisão, Otávio Müller combina com o panorama discutido pelo diretor. ;Ir ao cinema ainda é algo primitivo. Desde a época das cavernas, as pessoas se reúnem para ouvir histórias, num lugar bem escuro. As pessoas querem matar o cinema, mas não tem muito jeito: a experiência coletiva não morre, mesmo;, observa.
Adaptado de conto de Sérgio Sant; Anna, a produção de baixo orçamento teve as filmagens em São Paulo, morada esporádica de Belmonte, que anda cada vez mais atento aos sinais de amadurecimento, aos 45 anos. ;Só pelo fato de viajar, você já se vê amadurecido. Tenho conjugado as coisas: tenho tido experiências em muitos lugares;, conta. Pela dimensão, São Paulo, claro, até proporciona um processo de isolamento, tal qual Brasília, pela arquitetura e logística da cidade. ;Mas, acho que São Paulo não engole ninguém: vejo as pessoas muito solidárias. Há isso de vencerem a solidão e serem muito práticas. É um mercado competitivo, mas que te valoriza, quando você mostra resultados. É um clichê, mas é verdade;, comenta o cineasta. Vale lembrar que, em 2014, os resultados com Alemão foram de celebração, à frente do drama nacional mais assistido nas salas de cinema.
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