Diversão e Arte

Cláudia Raia comemora 30 anos nos palcos com espetáculo musical

Ao Correio, ela conta detalhes importantes da carreira

Rebeca Oliveira
postado em 08/08/2015 07:31
Ao Correio, ela conta detalhes importantes da carreira
O ano era 1984 e o musical A chorus line estava prestes a ganhar uma versão brasileira em São Paulo. A peça era um sucesso absoluto na Broadway. Até então, havia ganhado nove Tony Awards, o mais importante reconhecimento da área. O cerne do espetáculo ; uma audição com 17 dançarinos ; não poderia ser mais metalinguístico. Umas das personagens, Sheila, via no balé uma maneira de sentir-se bonita. Era Maria Claudia Raia. Ousada e destemida, aos 16 anos, a campinense vê em Sheila um alter-ego da própria personalidade.

Poucos podem imaginar mas, à época, Claudia Raia, o mulherão de longas pernas e 1,80m, se sentia feia e desengonçada, como acontece com a maioria dos adolescentes. Era a tal força estranha dos palcos que precisava para mudar a visão que tinha sobre si. Cheia de qualidades ; Claudia canta com voz de contralto, dança, atua ; ganhou o papel em A chorus line. Era só o primeiro passo de uma carreira que, três décadas depois, recebe aplausos e celebrações. É o que Raia tem feito desde o mês passado, quando iniciou a série de comemorações dos 30 anos nos palcos.

[SAIBAMAIS]Há quem diga que desde que a atriz pisou num deles, o teatro musical passou a ter outra dimensão no Brasil. Ela mesmo, sem falsa modéstia, reconhece a importância que teve. ;Na verdade, sou a pioneira no gênero, e me sinto muito orgulhosa de poder fazer o que amo há tantos anos;, diz, orgulhosa. Em A chorus line, por exemplo, mais que conquistar o público, Raia cativou um admirador especial: Jô Soares, que logo a levou para a tevê e pôs à prova a veia cômica da atriz em Viva o gordo, com a esquete Vamos malhar.

Com formação clássica, Raia se viu, três anos depois, mergulhando no popular com a personagem Tancinha, de Sassaricando (onde conheceu o ex-marido, Edson Celulari, com quem ficou casada por 17 anos). Não sem antes exibir o derni;re em Roque Santeiro, de Dias Gomes, em que nem tinha falas. Inicialmente, pois logo a paulista as conquistou com a soma de carisma e sorriso largo. Logo depois, foi premiada como artista revelação pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) pelo papel.

Confira um ponto a ponto e conheça mais sobre as opiniões da atriz.


Comemoração em 2015
A minha ideia é além do musical fazer um livro e uma exposição com os 30 figurinos mais marcantes e importantes da minha carreira. Ainda não temos data certa para ambos, mas ainda esse ano com certeza.

Ideia do musical
Raia 30 ; O musical, surgiu de uma conversa entre mim e o meu namorado, Jarbas Homem de Melo. Foi em uma viagem. Estávamos em Madri e ele me disse: ;Sua carreira é tão linda, porque não celebrar com o público fazendo um musical contanto a sua história?;. Então, decidi correr atrás para poder montar esse projeto.

Parceria com Miguel Falabella
Com certeza é um dos meus amigos e parceiros mais importantes. Miguel é meu irmão de alma, ele me conhece como ninguém e nada mais justo do que ele pra falar sobre mim no espetáculo musical Raia 30. Nossa amizade é para a vida inteira.

Homenagem no carnaval
O convite da Nenê de Vila Matilde para me homenagear com o enredo em 2016 surgiu esse ano. Eles me ligaram e fiquei muito feliz com o convite. Vai ser incrível... Com muita dança, super colorido e com a minha energia.

Arrependimentos?
Não me arrependo de nada. Faria tudo de novo, talvez com um pouquinho mais de calma.

Encontro com Lennie Dale
Lembro do nosso encontro como se fosse hoje. Pedi pra minha mãe me levar ao Teatro Brigadeiro, onde ele estava em cartaz. Cheguei na frente lá e disse: ;Meu nome é Maria Claudia Motta Raia, tenho 7 anos e danço igual a você;. Ele riu, me viu dançar e partir dali nunca mais nos desgrudamos. Lennie me ensinou quase tudo que sei, serei eternamente grata.

Musicais brasileiros
É possível dizer que os musicais brasileiros têm identidade, estilo próprio, sem precisar recorrer a clássicos estrangeiros. Acredito que hoje em dia o público já está familiarizado com os musicais e cada vez mais interessado em ver espetáculos diferentes. Acho que a variedade é importante para que todo tipo de público goste de ir ao teatro. Sendo brasileiro ou estrangeiro, o importante é que a arte esteja sempre presente na nossa cultura.

Embaixadora do teatro musical?
Acho que, na verdade, sou a pioneira no gênero, e me sinto muito orgulhosa de poder fazer o que tanto amo há tantos anos. Trabalhei na Argentina durante a minha adolescência. Amo aquele pais, mas resolvi voltar e a partir daí, toda a minha carreira se fez aqui no Brasil.

Lembranças da estreia na tevê
As melhores. Tive a honra de participar de Roque Santeiro, uma novela cheia de estrelas, e no meio delas me destacar com um papel que foi um presente pra mim.

Rumos da comédia no país
Hoje, vivemos um certo patrulhamento em relação às críticas e ao que se pode falar. E o humor é um pouco isso, é debochar de alguém ou de alguma coisa. Com essa patrulha fica um pouco difícil, limitado. Mesmo assim acho que tem coisas novas muito boas acontecendo, humoristas interessantes.

O público e as telenovelas

Acho que a predileção do público pelas novelas é cultural. O povo brasileiro está acostumado às telenovelas, é um hábito. A fórmula mudou bastante. A velocidade de contar um folhetim é outra. Mas um bom texto, um bom folhetim e um bom elenco são imbatíveis. Quando você coloca a câmera na cara de um bom ator contando uma ótima história é maravilhoso. Temos um público apaixonado por novelas, então, eu acho que isso não mudará tão cedo. Que bom para nós que fazemos!

Preparação para novos papeis
Sempre envolve muita dedicação. Cada novo projeto e personagem para mim, é um novo desafio e por isso, sempre estudo bastante.

Engajamento político
É importante o artista se colocar diante daquilo que ele acredita, independente se é uma causa política, defendendo as minorias, ou levantando a bandeira dos homossexuais... O difícil é que hoje não se pode ser mais nada porque sempre tem alguém contra, querendo destruir você e aquilo em que você acredita. Isso é muito chato.

Encaretamento do país
Esse encaretamento do Brasil é lamentável. O Brasil se tornou um país que se diz politicamente correto. Outro dia eu estava assistindo a uma cena de Sassaricando em que a minha personagem estava com um biquíni micro porque a graça era justamente essa. Mas hoje em dia não se pode fazer mais uma cena como essa. Não se pode fazer uma personagem bêbada, não se pode fumar, não se pode mostrar uma história de amor homossexual... Me entristece muito. Acho falso, mentiroso.

Casamento e intimidade
O que o Jarbas falou na entrevista (de que havíamos nos casado) é o que já está acontecendo há pelo menos dois anos e meio, sobre uma aliança que a gente já usa no dedo e só agora as pessoas perceberam. Essa troca de alianças foi feita em uma igreja, só nós dois. Estamos juntos todo esse tempo, sem cerimônia, sem ser no papel. Ele não contou nenhum grande segredo e eu não casei escondida. Esse assédio é um pouco chato porque ele é investigativo. Mas tudo bem, faz parte de ser uma pessoa pública. Me incomoda, mas eu entendo essa curiosidade das pessoas.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação