Diversão e Arte

Grande romance de Nélida Piñon completa 30 anos

Saga que fala de imigração e identidade nacional continua atual

Nahima Maciel
postado em 09/08/2015 07:38

Saga que fala de imigração e identidade nacional continua atual

Nélida Piñon se internou em Congonhas do Campo, no interior de Minas Gerais, para escrever A república dos sonhos. Ficou um mês enfurnada em um quarto de pensão do qual podia ver, a qualquer movimento da cabeça, os 12 profetas esculpidos por Aleijadinho. Isolada, proibiu visitas dos amigos e cortou contato com o Rio de Janeiro, onde morava. Sonhava que o livro ficasse pronto para celebrar a democracia que se anunciava naqueles meados da década de 1980. Não saiu de lá com todas as 700 páginas do romance, mas voltou para a capital fluminense com o personagem Madruga amadurecido. A história do imigrante pobre que deixava a Galícia (Espanha) para ;fazer a América; era familiar a Nélida, neta de Daniel, enviado ao Brasil aos 12 anos em companhia de três irmãos para escapar de uma guerra travada pela Espanha no Marrocos.

O romance ficou pronto e foi publicado em 1984. Nélida ainda não podia votar diretamente para presidente quando viu o trabalho chegar às livrarias, depois de oito versões lapidadas a muita fita de máquina de escrever.

A família, as relações que definem a construção da identidade, a ideia de uma terra distante à qual se permanece ligado pelo afeto e a chegada em um novo continente, desconhecido e, talvez, promissor, são os temas do livro que completa 30 anos com uma edição comemorativa da Record. Coincidentemente, a temática também pontua A camisa do marido, reunião de contos recém-lançada pela autora. A república dos sonhos é o grande romance social de Nélida e do Brasil, segundo o prefácio de Alberto Mussa, uma saga na qual se reconhece um país distante no tempo e nos valores, mas atual na construção eterna de uma identidade nacional. É um romance atual e pode ser lido como uma saga universal e cíclica na história da humanidade.

Autora de 19 livros, a escritora chega aos 78 anos convencida de que o país não acompanhou a grandeza dos homens que já abrigou. ;Eu vou embora, vou morrer sem ter visto o país que sonhei. Isso às vezes me dá uma profunda tristeza;, conta Nélida, ganhadora de 10 prêmios de literatura no Brasil.

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