Diversão e Arte

Em seu longa-metragem de estreia, Gregório Graziosi revela a solidão de SP

Entre os planos compostos rigorosamente, o diretor Gregório Graziosi encontra os vazios que se escondem por trás da fachada barulhenta

postado em 11/08/2015 07:33

Os silêncios e os barulhos das grandes cidades ganham a tela em 'Obra'

A câmera parada e a fotografia em preto e branco revelam uma São Paulo melancólica e solitária em Obra, filme que estreia nesta quinta-feira (13/8). Em planos compostos com rigor, o diretor Gregório Graziosi encontra os vazios que se escondem por trás da fachada barulhenta da metrópole. ;Conversando com você agora, estou olhando a vista do meu apartamento. Tem uma espécie de muro, 180 graus só de prédios, e eu não estou vendo pessoas, mas consigo escutá-las;, diz Graziosi, em entrevista ao Correio, por telefone. ;O som de São Paulo acaba sendo tão violento quanto o visual. Você vivencia a cidade e a escuta vibrar, mesmo que não veja movimento.;

Em seu primeiro longa-metragem, o cineasta paulistano dirige Irandhir Santos no papel de um arquiteto que descobre um cemitério no campo de obras em um terreno de sua família. Júlio Andrade, a britânica Lola Peploe e Marku Ribas, em seu último papel no cinema, completam o elenco. O filme foi o único representante brasileiro no Festival de Toronto, no ano passado, e expande o estudo de espaços que Graziosi vinha fazendo em curtas como Monumento (2012) e Saba (2007), que circularam pelos festivais de Locarno e Cannes, respectivamente.

Formado em artes plásticas, Graziosi se inspirou na relação entre personagem e espaços vazios representada por pintores como o americano Edward Hopper e o dinamarquês Vilhelm Hammershoi, além do trabalho do cineasta italiano Michelangelo Antonioni, que usava linguagem minimalista e apuro plástico para tratar do isolamento e da incomunicabilidade de seus protagonistas em ambientes urbanos. ;A partir do interesse por esses artistas, cheguei a essa estética do Obra. É um filme que quase não tem movimentos de câmera e isso muda a percepção do tempo e dos espaços. Você tem uma contemplação da imagem diferente de quando a câmera está se mexendo.;

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Curtas-metragens

Monumento (2012)

65; Locarno International Film Festival / 21; IDFA International Documentary Film Festival Amsterdam.

Mira (2009)

62; Locarno International Film Festival / 32; Clermont-Ferrand International Short Film Festival.

Saltos (2008)

61; Locarno International Film Festival / 31; Clermont-Ferrand International Short Film Festival.

Phiro (2008)

21; IDFA International Documentary Film Festival, Amsterdam / 33; Mostra - São Paulo International Film Festival.

Saba (2007)

60; Cannes International Film Festival / 19; IDFA International Documentary Film Festival Amsterdam.

[SAIBAMAIS]


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