Ricardo Daehn
postado em 16/08/2015 07:34
Há quatro anos, não teve para ninguém: com o filme Medianeras, exibido no Festival de Gramado, o diretor argentino Gustavo Taretto faturou os prêmios de Melhor direção e de Melhor filme latino, tanto pelo júri oficial quanto pelo popular. Com o novo filme, Las insoladas (em cartaz em Brasília), Taretto tinha a noção de uma receptividade menos homogênea ; ;o outro filme era mais simples e de fácil conexão;.
Mesmo assim, Las insoladas virou um fenômeno de público, esmagadoramente feminino; cerca de 80%. ;Meu filme esteve entre os 10 mais assistidos no ano passado, na Argentina. Fez mais espectadores do que Medianeras. Mas, como é muito particular, houve divisão: foi da adoração à maior das indiferenças;, conta.
Um dado curioso situa a ação da verborrágica comédia: ele faz valer, entre seis protagonistas mulheres que ocupam um terraço, uma expressão corrente entre os portenhos ; ;Este verão, estarei no pelopincho (uma marca de piscina de lona). Em bom português, algo como ;vou me divertir muito, na laje;. ;Retrato pessoas comuns: não fui atrás do encontro entre cirurgiãs, por exemplo. Busquei a classe média, média, média;, enfatiza. O propósito do filme veio da curiosidade de adentrar uma cerimônia privada e limitada às mulheres. ;A observação de um grupo de mulheres num lugar muito extravagante, em que o sol extrapola limites de calor, é o foco. É como uma invasão ao cabelereiro, mas tinha interesse por aspectos como os trajes de banho e os rituais à beira d;água, como muitas vezes vemos abordados nas pinturas;, explica.
[SAIBAMAIS]
Há quem teime em identificar o cinema de Taretto com o de Pedro Almodóvar, coisa que ele desencoraja. ;Me dei conta do elo, quando começaram comparações, nas reuniões com a equipe. Almodóvar não é um diretor que me interesse. Superficialmente, podemos nos aproximar, pelo protagonismo feminino e pela proposta de cores tão pop;, observa. Para ele, Mulheres à beira de um ataque de nervos é um filme explosivo, saliente e com mulheres que se comunicam aos gritos. ;Meu filme é mais tranquilo, com menos conflitos. Não é uma comédia de risos e confusões. Nem tem tantas situações dramáticas;, demarca. A lida com pontos urbanos intransitáveis, privações metropolitanas, em geral, e determinações de governo seguem dando a tônica do cinema de Taretto. Medianeras, por exemplo, abordava o veto à abertura de janelas, pelo código de urbanismo.
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