Diversão e Arte

Festival de Locano premia filme sobre jovem hassídico

'Tikkun', de Avishai Siva levou o prêmio especial do júri

Rui Martins - Especial para o Correio
postado em 16/08/2015 18:07

O eterno choque vivido pelos religiosos entre o corpo e seus instintos, considerados malsãos, e o espírito. Esse o tema central do filme israelense Tikkun, do cineasta Avishai Siva, merecido Prêmio Especial do Júri que lhe foi concedido pelo Festival Internacional de Cinema de Locarno.

Um contudente libelo contra o beatismo e a carolice religiosa, que pode se manifestar em qualquer crença, no caso entre judeus ortodoxos ou hassídicos, vertente do judaismo ligada no misticismo, de origem ucraniana e polonesa asquenaze, oposta ao judaismo intelectualizado e acreditando nas manifestações malignas e no contato do homem com Deus.

O escritor Isaac Bashevis Singer foi um divulgador entre os goins das lendas, contos e cultura hassídica, o fotógrafo Cláudio Edinger viveu entre eles em Nova Iorque e conta numa deliciosa crônica, cujo título é Um hippie entre os hassídicos. Sem esse conhecimento básico é difícil para o espectador entender o drama vivido por Haim-Aaron, frequentador assíduo da Yeshivá, filho de um açougueiro kosher.

O filme em preto e branco, ressalta a roupa branca de Haim-Aaron com seu rosto magro e seus payots (espécie de costeletas nunca cortadas que se tornam cachos enrolados pendentes), seu chapéu preto ou sua kipa e todos balançando corpo e cabeça na leitura dso gextos sagrados da Torá.

O jovem Haim-Aaron quer ficar perto de Deus, como todo fanático religioso, e se inquieta quando seu pênis endurece, em busca daquilo que o jovem desconhece por viver fora do mundo. Submetendo-se a jejum e crendo-se alvo de provações ou de ataques do maligno, acaba por desmaiar e cair dentro da banheira, onde é encontrado como morto.

Depois de numerosas tentativas de reanimação e defibrilização por enfermeiros chamados de urgência, Haim-Aaron é dado como morto, mas seu pai intervem, faz uma última tentativa e reanima o filho. Uma ressurreição !

Porém, o filho já não é o mesmo e parece curioso pelo mundo ao seu redor, sendo mesmo expulso da Yeshivá, fazendo o pai pensar ser punido por ter impedido sua morte. Um filme fortemente anti fundamentalismo religioso.

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