Jean-Baptiste Debret retratou o Rio de Janeiro como nenhum outro artista do século 19. Ao desembarcar em um Brasil ainda colônia, o artista francês foi seduzido pelas cores e exotismos dos trópicos e tratou de registrar tudo que via em cadernos de desenhos que depois viravam gravuras, desenhos e aquarelas. O resultado foi a documentação visual mais completa e detalhada sobre a vida urbana no Brasil do início do século 19, um conjunto de obras que hoje integram a coleção dos Museus Castro Maya e estão expostas no Museu dos Correios a partir de hoje.
O Rio de Janeiro de Debret reúne 120 gravuras e aquarelas selecionadas em um acervo de 500 imagens e com curadoria de Anna Paola Baptista. Montada para uma exposição que celebrou os 450 anos da capital fluminense, a mostra é um verdadeiro passeio por uma cidade vibrante e em constante processo de transformação. O francês passou 16 anos no Brasil. Durante esse tempo, viu o país deixar de ser colônia e presenciou a abdicação de um rei em benefício do filho, se espantou com a escravidão e se deslumbrou com o mar, ajudou a fundar a Escola de Belas Artes e foi contratado como pintor oficial da corte.
Debret, que chegou ao país com a Missão Francesa em 1817, tinha trânsito e era observador. Não se limitou ao trabalho oficial e acabou por tornar-se o grande repórter visual do Brasil antigo em um tempo em que a fotografia ainda não existia. Na exposição, Anna Paola fez um recorte pensado para absorver todas as vertentes da obra do artista. ;Procurei separar alguns núcleos com características recorrentes na obra dele;, explica a curadora.
O primeiro destaque é o mar, um elemento muito presente nos desenhos do francês, que se encantou com a vista ao adentrar a Baía de Guanabara pela primeira vez. ;A partir do momento em que ele se instala na cidade e vai fazendo os registros, percebi que a maioria tem como cenário a paisagem beira-mar;, explica Anna Paola.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique aqui.