A arte de Sebastião Biano é ancestral. Mestre do ;pife;, aos 96 anos, ele é o único remanescente da formação original da Banda de Pífanos de Caruaru. Na infância, já tocava no grupo criado pelo pai Manoel Clarindo e o tio Benedito Clarindo, que, em 1927, chegou a tocar para Lampião no Sítio dos Nunes, no município de Tacaratu, no agreste de Pernambuco.
Nascido em Mata Grande, no interior de Alagoas, Seu Biano aprendeu tocar pífano aos 5 anos de idade. Com impressionante capacidade de retenção dos fatos, ele recorda-se. ;Meu pai, que me ensinou a tocar pife, usava taboca ; madeira da família do bambu ; para fazer o instrumento. Embora fosse carpinteiro, mantinha a família trabalhando na lavoura, plantando principalmente milho. A gente era pobre, mas em casa tinha alegria. A Banda Cabaçal havia sido criada e tocava sempre naquela época;, recorda-se.
Mestre Biano conta que no ano de 1926 houve uma seca terrível, a família perdeu a lavoura e passou por muita necessidade. Sem outra perspectiva, Manoel Clarindo juntou a prole e deixou Mata Grande. ;Nosso destino era Juazeiro de Padim Ciço. Na viagem, paramos no Sítio dos Nunes, em Pernambuco, bem na Semana Santa. Como era muita gente, uns ficaram na casa de farinha e outros embaixo de um pé de juá.;
Foi no Sítio dos Nunes que a Banda Cabaçal tocou para Lampião e seu bando. ;Na fazenda, tinha uma igrejinha, onde houve uma semana de novenas. No nono dia, por volta das 10h, a gente viu chegar, saindo da mata, uma quantidade grande de pessoas montadas em cavalos. Meu pai reparou logo que era Lampião e seus cangaceiros.;
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