Débora Amorim estava acostumada a circular por salas de espetáculos e pelas ruas de Brasília quando descobriu um dos ambientes mais delicados da experiência humana. Na sala de parto, geralmente domiciliar, a fotógrafa mudou o rumo da profissão. Munida da câmera e da consciência de que o momento do nascimento não comporta interferências para melhorar a qualidade de imagem, Débora registra os momentos mais importantes da chegada ao mundo de uma nova pessoa e hoje é conhecida como duplamente especializada: além de fotógrafa, ela também é doula.
Parte desse trabalho integra Gesto natural, exposição realizada com R$ 160 mil do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e em cartaz na Galeria Olho de Águia, em Taguatinga. As 70 imagens enquadram os momentos mais emocionantes e ternos dos nascimentos que Débora presenciou. Ela é uma defensora dos partos domésticos e adentrou esse universo por meio da própria experiência. Mãe de um menino de 8 anos, a fotógrafa foi submetida a uma cesárea, que, mais tarde, ela constatou ter sido desnecessária. A falta de informação a fez ceder à pressão da obstetra e o resultado foi um pós-parto complicado. ;Não sou radical. Alguns médicos dizem ;a mulher tem o direito de optar pela cesárea ou pelo parto normal;. Também acho. Se a mulher tem a informação real, ela pode optar. Mas não é o que acontece hoje, os médicos enchem a mulher de medo. Para mim, isso não é uma opção;, diz.
Débora estava acostumada a fotografar eventos culturais e, eventualmente, a arquitetura de Brasília. Em 2011, ela publicou Brasília, uma arquitetura familiar, uma parceria com o pai, o fotógrafo Márcio Amorim, que registrou a cidade desde a década de 1960. Imagens antigas conversavam com os registros atuais da fotógrafa em paralelos curiosos. Márcio fotografou a chegada da Seleção Brasileira campeã em 1970 e Débora fez o mesmo, mas em 2002.
A posse de Jânio Quadros aparece em diálogo com as posses de Lula e Dilma. São duas visões diferentes de Brasília. ;Ele tinha uma relação mais pessoal com Brasília, porque as fotos eram os momentos dele, de convivência com os amigos, com a cidade e tal. A minha relação da fotografia com Brasília foi mais profissional, então quase todas as minhas fotos do livro são profissionais;, avisa.
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