A 72; edição da Mostra de Cinema de Veneza, o festival mais antigo do mundo, será inaugurada na quarta-feira (02/9) com "Everest", de Baltasar Kormarkur, em uma edição também marcada pelo retorno ao Lido do cinema latino-americano, com o Brasil presente em seções paralelas.
A trágica história real de um grupo de montanhistas que desafiou em 1996 o pico mais alto do mundo abrirá o desfile de estrelas pelo Lido de Veneza com Jake Gyllenhaal, Keira Knightley, Josh Brolin, protagonistas da superprodução americana.
A quarta edição dirigida pelo crítico de cinema Alberto Barbera contará com a presença na mostra oficial, pela primeira vez em vários anos, de dois filmes da América Latina, uma cinematografia que está atravessando um de seus melhores momentos.
Muitas expectativas são geradas pelo novo filme do cineasta argentino Pablo Trapero, "El Clan", seu nono longa-metragem, que chega a Veneza precedido pelo êxito surpreendente obtido em seu país. "Tenho a expectativa de que ;El Clan; irá bem em Veneza e será recebido pelo público com o mesmo entusiasmo e a mesma emoção que sentimos aqui na Argentina", confessou Trapero, de 43 anos, em uma entrevista à AFP.
A história da família Puccio, que cometia assassinatos e extorsões na década de 80, em plenos anos da ditadura, forma parte do leque de filmes sobre violência baseados em fatos reais que neste ano serão apresentados em Veneza.
Também disputa o cobiçado Leão de Ouro o estreante venezuelano Lorenzo Vigas, com "Desde allá", obra-prima sobre um homem de 50 anos que busca jovens em Caracas para passar a noite, protagonizado pelo chileno Alfredo Castro.
Violentos e impiedosos, muitos dos filmes selecionados se concentram em histórias de ontem e de hoje, em crônicas de vingança, relatos de mafiosos e corruptos, que "superam a imaginação de qualquer roteirista", disse Barbera. No total, 21 filmes foram selecionados para o concurso oficial, entre eles quatro produções de Estados Unidos.
Violência presente
Durante dez dias, até 12 de setembro, Veneza projetará muitas histórias de violência, sobre a guerra, os nazistas, os gangsteres. Entre elas a biografia do famoso gângster psicopático americano, conhecido como Whitey, interpretado por Johnny Deep, que desfilará na sexta-feira pelo tapete vermelho para apresentar "Black mass", fora de concurso.
O assassinato em 1995 por parte de um extremista judeu do ex-primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, recriado pelo cineasta veterano Amos Gitai em "Rabin, o último dia", também aborda um tema atual.
O nazismo e sua relação com a arte inspiraram o mestre russo Alexander Sokurov, já vencedor de um Leão de Ouro com sua versão de "Fausto", que explora com "Francofonia", rodado completamente no Louvre, a vida sob a ocupação do famoso museu parisiense.
Chegam os latino-americanos
Além dos escolhidos para a mostra oficial, a seção Horizontes, tradicionalmente a mais inovadora, apresentará "Un monstruo de mil cabezas", do mexicano Rodrigo Plá, "Bol Neon", do brasileiro Gabriel Mascaro, e "Mate-me por favor", da também brasileira Anita Rocha da Silveira.
Um mestre do cinema latino-americano, o mexicano nacionalizado espanhol Arturo Ripstein, será homenageado por seus 50 anos de carreira, enquanto o Leão de Ouro pela Carreira será recebido por outro veterano, o francês Bertrand Tavernier.
Outro latino-americano, mais jovem, mas com muito prestígio internacional, presidirá o júri, o mexicano Alfonso Cuarón, autor do premiado "Gravidade", que estará acompanhado, entre outros, pelo escritor e roteirista Emmanuel Carrere.