Lenine transita por diferentes áreas: trabalha como cantor, produtor, arranjador musical e se diz colecionador de palavras, além de atento observador do cotidiano, o que lhe permite um processo criativo tão diversificado. Com o recente lançamento do disco Carbono e da turnê homônima, o pernambucano se diz maravilhado com a sensação de poder começar novamente, já que cada novo projeto se transforma em uma estreia.
Você diz que se preocupa muito com as perguntas: o que eu faço, por que eu faço e para quem eu faço? Qual é a resposta dessas questões?
Meu pai fazia essas três perguntas desde que nós éramos crianças: ;O que você faz, por que você faz e pra quem você faz?;. Eu até hoje me faço essas perguntas sempre. Faça para você cada uma delas, pois cada um encontra suas próprias respostas. A parte mais importante nisso que meu pai sempre tentava nos estimular era a curiosidade, a gente fazia essas três perguntas como ser humano, como profissional, na vivência dentro do trabalho ou de casa. O que isso tudo nos leva a perceber é que o caminho é sempre mais importante do que o final, o fim é apenas consequência.
A música para você é apenas uma forma de expressar sensações? Qual seria o papel da arte?
Tenho um papel de educador nesse processo da música. Daqui a alguns anos, quando você quiser entender esse momento em que vivemos, é só procurar pela arte. O papel dela acaba sendo o de mostrar o seu mundo através dos seus olhos, deixar a sua impressão sobre as coisas. E não existe possibilidade de evoluir dentro de uma sociedade se não for pelo caminho da educação, se conhecer, saber quem é você, sua pátria, as expressões de cada lugar e as expressões artistas entram justamente nesse ponto. Não consigo separar muito a educação da arte.
Depois de tanto tempo na estrada, como se sente ao iniciar uma nova turnê? Algo mudou desde os primeiros shows? Acredita que se acostuma com o processo durante a caminhada?
Cada início de novo projeto, assim como nessa turnê do Carbono, é um momento em que a gente fica muito suscetível a se emocionar, pois estamos ali em uma apresentação de um projeto que acaba de sair, é uma espécie de paternidade, como se tivesse mostrando um filho novo. A turnê tem sido maravilhosa pois, mesmo depois de todos esses anos, continuo sentindo muito prazer no que eu faço e, para mim, isso é muito relevante. Quando você faz uma coisa por muito tempo e isso para de te despertar, já não vale a pena. Você tem que despertar algo em si mesmo, aquele frisson, aquela experiência de sentimento renovado. É sempre uma estreia.
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