Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Após câncer, Bruce Dickinson comanda vocais do Iron Maiden em disco duplo

O vocalista deu um susto nos fanáticos seguidores do grupo quando anunciou que havia sido diagnosticado com um raro tipo de câncer na língua

A primeira vez costuma ser inesquecível. Foi em 1985, quando o Iron Maiden veio ao Rio de Janeiro para tocar na estreia do Rock in Rio, que a banda britânica começou um tórrido caso de amor com o público brasileiro. De lá para cá, foram 10 viagens ao Brasil, 29 shows e algumas crises ; como quando Bruce Dickinson abandonou o grupo e deu lugar ao menos carismático Blaze Bayley, entre 1994 e 1999. O que importa é que o amor sobreviveu e um novo capítulo dessa história, com o lançamento do novo álbum e uma nova turnê, está para ser escrito, talvez o mais dramático da relação da banda com os fãs.

Em fevereiro deste ano, o vocalista Bruce Dickinson deu um susto nos fanáticos seguidores do grupo quando anunciou que havia sido diagnosticado com um raro tipo de câncer na língua. Devido à idade (56 anos) e o fato de que a voz é o instrumento de Bruce, fãs temeram pelo pior. No entanto, como a doença foi descoberta em um estágio inicial, o cantor teve uma recuperação tranquila, que durou sete semanas, e incluiu sessões de radioterapia e quimioterapia.

[SAIBAMAIS]Com a saúde do seu frontman em dia, as atenções se voltam para The book of souls, primeiro álbum duplo de estúdio da banda e 16o da carreira dos britânicos, que será lançado amanhã. O disco, que terá 11 faixas e 92 minutos de duração, foi produzido por Kevin Shirley, que trabalha com o Iron Maiden desde Brave new world, disco de 2000. Além disso, o trabalho contará com a música mais longa do sexteto, The empire of the clouds, que terá 19 minutos, e uma homenagem ao ator Robin Williams, que se suicidou no ano passado, por meio da canção Tears of a clown.

Sobre a sonoridade de The book of souls, como denunciado pelo single The speed of light (cujo lançamento foi acompanhado por um jogo em 8 bit estrelando o mascote Eddie) e por algumas críticas, grandes inovações não devem ser esperadas. Utilizando uma estratégia semelhante à do AC/DC, o Iron Maiden continua jogando para os fãs, fazendo render a fórmula dos últimos álbuns, que mostram uma Donzela mais progressiva, com longos solos, introduções e diferentes andamentos em suas músicas.

Para promover o novo trabalho, o Iron Maiden já anunciou uma turnê mundial que terá o multitarefas Bruce Dickinson como um dos pilotos oficiais da equipe, no comando de um Boeing 747-400 jumbo. A empreitada do grupo britânico passará por 35 países em 2016, incluindo duas visitas inéditas à China e El Salvador, além, é claro, de mais uma passagem pelo Brasil.

Memória

Metal na capital

Nas 10 incursões do Iron Maiden ao Brasil, a capital federal recebeu os britânicos metaleiros em duas ocasiões: a primeira foi em março de 2009, quando 25 mil fanáticos compareceram ao Mané Garrincha em uma sexta-feira para assistir e ouvir, muitos pela primeira vez, os já tradicionais ;scream for me;; de Bruce Dickinson, o balançar da bandeira britânica durante a clássica The trooper e as características linhas de baixo do líder Steve Harris. A introdução da banda a Brasília não poderia ter sido mais festiva, já que a turnê da época ; Somewhere back in time ;, celebrava o auge da banda nos anos 1980 e o repertório era feito apenas dos maiores clássicos. ;Este é, certamente, o maior show de rock da minha história;, disparou à época, o dentista Flávio Gentilli, 49, que veio de Palmas (TO) para ver os ídolos da juventude. Na segunda passagem, que aconteceu dois anos depois, dessa vez no estacionamento do Estádio Nacional, a banda voltou ao Cerrado para promover o mais recente álbum de estúdio, The final frontier. O repertório, que incluiu clássicos da banda com músicas do trabalho mais recente, foi prestigiado por 15 mil fãs.