O mineiro radicado em Brasília Roberto Corrêa é um dos nomes mais importantes quando se fala a viola caipira no Brasil. Sua paixão pelo instrumento surgiu ainda quando estudava física na Universidade de Brasília (UnB) e essa sedução fez com que Corrêa resolvesse se aprofundar na pesquisa sobre a viola.
Em 1997, ele começou a viajar o país em busca de violeiros. As descobertas dessa trajetória foram compartilhadas com o público no livro Viola caipira lançado em 1983. Já nos anos 2000, o pesquisador lançou outra obra, A arte de pontear viola. "De lá pra cá, recebi uma demanda de violeiros aprendizes que queriam ver como eu fazia. As pessoas tinham curiosidade em saber como eram os movimentos da mão. Então, depois de 15 anos do lançamento do livro, agora esse trabalho se tornou um DVD", explica Roberto Corrêa.
Por conta dos inúmeros pedidos, Corrêa transformou seus conhecimentos que já estavam compartilhados nos livros em um DVD duplo com 185 minutos de conteúdo gravado por uma equipe de cinema. "É um completo repasse dessas técnicas ancestrais dos violeiros. Fala de afinação, métodos de ensino, estudos de sons", completa. Segundo o músico, o trabalho não é uma vídeo-aula tradicional, mas sim um trabalho didático e, ao mesmo tempo, artístico.
[SAIBAMAIS]Desde o mês de agosto, o material está disponível no site oficial de Roberto Corrêa, mas o lançamento oficial será em 12 de setembro, às 16h, na livraria Fnac. Lá, o artista fará um pocket show com os clássicos da moda de viola e autografará os DVDs. "Vou tocar um pouco, responder perguntas, dar autógrafos. Eu diria que com esse trabalho eu cumpro um ciclo de dividir técnicas", explica.
A arte de pontear viola
De Roberto Corrêa. Viola Corrêa, 185 minutos. Preço médio: R$ 79,90. Vendas pelo site www.robertocorrea.com.br.
Lançamento do DVD
Em 12 de setembro (sábado), às 16h, na Fnac do Parkshopping. Tarde de autógrafos do DVD A arte de pontear viola e pocket show com Roberto Corrêa. A entrada é franca. O DVD estará à venda por R$ 79,90.
Três perguntas // Roberto Corrêa
Como surgiu a ideia de pesquisar a viola caipira a fundo?
Quando comecei a tocar viola caipira, não havia nada escrito sobre o instrumento, as técnicas, forma de afinação... Então passei a viajar o país atrás de violeiros para aprender com eles. Eu publiquei meu primeiro livro em 1983 dando uma noção do universo que eu havia aprendido. Em 1985, a Escola de Música de Brasília fundou o primeiro curso de viola caipira do Brasil, por conta do núcleo de música popular. Lá, desenvolvi um trabalho didático e pedagógico. Depois, nos anos 2000, lancei o livro A arte de pontear viola, com o resultado do meu trabalho na EMB.
Como você percebe o mercado para a viola caipira hoje no Brasil?
A música caipira não está na mídia, mas estamos vivendo um bom momento na viola desde a década de 1990. Temos muitos jovens aprendendo a tocar viola e o gênero prolifera em festas. Eu diria que é um movimento nacional. Em todo lugar que você vai tem uma febre de viola caipira, com orquestras de viola, encontros de violeiros. Há uma cultuação a essa cultura caipira, que é um dos movimentos mais importantes do Brasil. É claro que com a perda de grandes nomes isso deixará sempre um buraco. Mas é nítido o que essas pessoas fizeram não se perderá, pois o legado permanece vivo por meio dos discos que elas deixaram registrados.
Quem são os artistas da nova geração que representam a viola caipira?
Tem tanta gente que é difícil citar alguém. Acho importante ressaltar que não só jovens violeiros, mas jovens violeiras também. Há meninas de todas as idades tocando e tocando muito. É só pesquisar na internet. Em um festival recente, por exemplo, a Bruna Viola foi um dos destaques. O que eu quero dizer é que a viola caipira também está em outros ritmos, não é só na música sertaneja. Ela está presente no jazz, no choro e no rock.